A Nuvini, holding de internet criada em 2020 por Pierre Schurmann, que abriu o capital na bolsa americana Nasdaq em outubro de 2023, está fazendo a primeira aquisição desde o IPO - e o oitavo M&A de sua história.

A holding, que reúne empresas de software as a service (SaaS) B2B, concluiu a aquisição da Munddi Soluções em Tecnologia, plataforma que conecta varejistas, consumidores e fornecedores. O M&A, cujo valor não foi divulgado, é o primeiro de quatro planejados pela empresa em 2025, de acordo com Schurmann.

“Cada aquisição nossa precisa ser de um business que dê retorno, independentemente de qualquer sinergia que possa existir. Mas, nesse caso, há forte valor agregado pela conexão com três empresas nossas”, diz Schurmann, CEO da companhia, ao NeoFeed. “Isso, no entanto, não é o ponto decisivo na hora da compra. O principal fator é o retorno de capital.”

Essa sinergia, segundo o empresário, está relacionada diretamente à conexão com o ecossistema de soluções SaaS, com interligação com as empresas Mercos, Onclick e Leadlovers, que integram o grupo Nuvini.

“Elas interagem com o varejo e com a indústria. A Munddi já identificou essa sinergia na ponta, nas lojas de varejo, com a plataforma da Mercos. Parte da tecnologia da empresa que compramos também poderá conectada com a Onclick, que ajuda que empresas possam vender no formato multicanal”, afirma Schurmann.

Nesse sentido, o papel da Munddi na prateleira das soluções oferecidas pela Nuvini ao mercado, segundo o CEO, será de amplificar os canais de atuação da companhia. “Numa função simples, por exemplo, ela poderá ajudar uma rede a ativar um buscador de lojas. Uma franquia consegue saber em qual unidade da rede tem um determinado produto”, explica.

O cofundador e CEO da Nuvini afirma que há, no pipeline da companhia, US$ 127 milhões previstos para futuras aquisições. Deste total, US$ 34 milhões estão separados para term sheets (termos de compromisso de aquisição) já assinados, que incluem os quatro M&As de 2025.

“No início do ano recebemos um aporte de US$ 15 milhões e parte desse capital será alocado nas aquisições”, afirma Schurmann. Segundo o empresário, essa captação partiu de 11 investidores.

Em 2021, em entrevista ao NeoFeed, o CEO da Nuvini imaginava que o ritmo de aquisições seria mais veloz, mas, segundo ele, o segmento de tecnologia foi impactado nesse período por uma avaliação irreal das companhias que estavam na prateleira.

“O mercado não é o mesmo. Desde então, nenhuma empresa abriu capital. Naquele ano, os múltiplos eram muito altos. Agora, a gente entende que o mercado está mais realista sobre os valuations”, diz Schurmann.

O perfil de empresas que estarão na mira da Nuvini também mudou. Até aqui, o plano envolveu aquisições de empresas tech que tenham faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões. A perspectiva é de que, a partir do ano que vem, essa régua suba para R$ 80 milhões.

“Executando nosso plano da forma que planejamos, nosso business cresce. E essa barra cresce. Ainda que o crescimento que a gente registrou no ano passado tenha sido 100% orgânico, nosso driver é inorgânico”, afirma.

No ano passado, a empresa reportou receita líquida de R$ 193,3 milhões, alta de 14,4% sobre os R$ 169 milhões registrados em 2023. O crescimento foi impulsionado pelo aumento na receita de assinaturas SaaS, maior retenção e crescimento da base de clientes.

Ainda em 2024, a Nuvini registrou seu primeiro lucro operacional, de R$ 16,5 milhões, revertendo prejuízo de R$ 189,2 milhões no ano anterior. O Ebitda ajustado também cresceu e alcançou R$ 57,4 milhões, alta de 30% no período.

A Nuvini está avaliada em US$ 38,6 milhões. No acumulado de 2025, as ações da companhia registram desvalorização de 82,5%.