A guerra comercial global, deflagrada após o tarifaço implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou no mercado de luxo. O grupo de moda italiano Prada pediu um desconto de pouco mais de US$ 200 milhões para concretizar a compra da também italiana Versace.

O acordo entre Prada e Capri Holdings, dona da Versace, deve ser anunciado na quinta-feira, 10 de abril, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times. O valor da transação está estimado em US$ 1,38 bilhão. O novo preço representará uma redução de 13,7% da oferta inicial.

Antes do anúncio de Trump, que abalou o mercado internacional, a expectativa era de que a compra pudesse ser efetivada pelo valor de US$ 1,6 bilhão. Mas a redução foi proposta justamente pelo impacto na cotação do dólar e no quanto a tarifa poderá influenciar o resultado da Versace.

Ainda de acordo com informações de pessoas que estão a par do negócio, o CEO da Capri, John Idol, está em Milão para finalizar os detalhes com a família Prada.

Desde que a Casa Branca anunciou as medidas tarifárias, o preço das ações da Capri caiu mais de um terço. Atualmente, o valor de mercado do grupo de luxo está em US$ 1,5 bilhão.

Também dona das marcas Jimmy Choo e Michael Kors, a Capri chegou a pedir, inicialmente, € 3 bilhões pela Versace. Os dois grupos estão em conversas diretas para concretizar o negócio há pouco mais de um mês.

Um dos pontos de discórdia entre as empresas dizia respeito ao futuro da diretora criativa da marca de luxo, Donatella Versace. No mês passado, ela deixou a função após 30 anos, o que sinaliza que o acordo entre as gigantes do setor está próximo.

A Capri comprou a Versace em 2018, por US$ 1,83 bilhão. No último trimestre, as vendas da marca registraram queda de 11%, operando atualmente com prejuízo.

A atual dona da marca italiana estava querendo vender a empresa há algum tempo. No ano passado, a Capri acelerou esse movimento, após um tribunal dos Estados Unidos ter bloqueado a fusão de US$ 8,5 bilhões com a rival Tapestry, dona da marca Coach e outras de luxo mais acessíveis.

Recentemente, potenciais investidores também demonstraram interesse pela marca de calçados de luxo Jimmy Choo, que a Capri comprou em 2017 poe US$ 1,35 bilhão.

A venda da Versace pode ajudar a Capri a enfrentar os desafios relacionados à queda de receita e lucratividade, provocado também pela desaceleração do mercado de luxo. A Michael Kors, que responde por 70% do faturamento do grupo, vem tendo um desempenho financeiro ruim. Com os recursos, a empresa deve se concentrar em recuperar a marca e, ao mesmo tempo, reduzir a dívida da companhia.