O mercado de capitais viveu um dia diferente na quinta-feira, 9 de fevereiro, com a estreia da Hesai Technology na Nasdaq. Fabricante de sensores automotivos com sede em Xangai, ela é a maior empresa da China a abrir capital nos Estados Unidos desde 2021, quando as tensões entre os governos dos dois países escalaram e impactaram diretamente na oferta de ações chinesas em bolsas americanas.

A estreia na Nasdaq ocorreu após a companhia levantar US$ 190 milhões de investidores em sua oferta pública inicial realizada no dia anterior. A captação fez com que a empresa fosse avaliada em US$ 2,4 bilhões. No dia 9, as ações da Hesai estavam sendo negociadas na abertura do dia por US$ 23 cada, alta de 21% em relação ao preço de oferta de US$ 19.

Mais do que uma nova opção para investidores americanos na Nasdaq, essa abertura de capital pode simbolizar uma esperança de regresso do movimento de empresas chinesas negociando ações em solo americano. No passado, a China se tornou o país estrangeiro com o maior número de companhias listadas nos EUA.

De acordo com dados da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China, mais de 200 companhias chinesas e com valor combinado de US$ 1 trilhão estão listadas nas bolsas dos EUA. Entre elas estão gigantes como Alibaba, JD.com, Baidu, entre outras.

Nos últimos tempos, entretanto, o crescimento das tensões políticas e de disputas regulatórias fizeram com que algumas empresas chinesas tivessem seus papéis removidos das bolsas americanas.

O caso mais marcante foi o da Didi Chuxing, dona da 99, que deixou a bolsa de valores de Nova York menos de um ano após a estreia. A companhia de mobilidade foi alvo de uma série de investigações após a empresa realizar o segundo maior IPO de uma estreante chinesa na bolsa de valores americana, levantando US$ 4,4 bilhões.

Na época, reguladores chineses abriram uma investigação sobre cibersegurança dias após a listagem e impediu novas instalações do aplicativo. O governo americano, por sua vez, aprovou uma lei que permitia ao poder público inspecionar as auditorias das empresas estrangeiras que fazem negócios no país.

No curto prazo uma nova abertura de capital por empresas chinesas na Nasdaq ou na Nyse é vista como improvável. Até o fim do ano, no entanto, existe a possibilidade de que esse movimento seja repetido. A Shein, gigante de moda chinesa e que já ocupa um espaço relevante no Brasil, por exemplo, pode abrir capital nos EUA ainda neste ano.