Em seu primeiro M&A desde que iniciou sua operação no País, em 2022, a unidade brasileira da corretora inglesa Oneglobal, especializada em seguros de grandes riscos e resseguros, acaba de comprar a Proativa Consultoria, empresa criada em 2019 e com expertise em benefícios corporativos.

Com a aquisição, a Oneglobal no Brasil passa a ser uma empresa que projeta R$ 1 bilhão de prêmios emitidos em 2025 (R$ 700 milhões da empresa inglesa e R$ 300 milhões da Proativa).

A companhia não revela o valor da aquisição, que foi integral. A mudança do nome será gradual. Em até seis meses, a Proativa passa a ser, de fato, a unidade de seguros de vida, saúde e odontológicos da Oneglobal no Brasil, área em que a empresa não tinha presença.

Dessa forma, a unidade brasileira da corretora inglesa adquire a participação dos sócios fundadores Michel Wajs e Roberto Sturm, e da HIX Capital, gestora fundada pelos irmãos Rodrigo e Gustavo Heilberg, investida da Proativa por meio de veículo próprio desde o início das atividades da corretora.

A transação envolveu o pagamento inicial de 70% do negócio. Os demais 30% serão pagos até 2030, no fim do earnout (pagamento adicional, baseado no desempenho futuro da empresa). Dessa forma, os antigos donos da Proativa seguirão com uma pequena participação acionária em cinco anos. Eles seguem à frente da operação.

“A HIX esteve com a gente desde o início, como investidores estratégicos. Sempre foram muito presentes no negócio. Eles sempre abriram portas para a gente”, diz Wajs, sócio e agora vice-presidente de relacionamento com cliente da Oneglobal Brasil, ao NeoFeed.

“As nossas operações são bastante complementares. Seguimos liderando essa área e com um forte plano de crescimento. Vamos cuidar de tudo que envolve benefícios corporativos da Oneglobal”, afirma Sturm, também sócio e VP comercial da corretora inglesa no País.

Segundo Leonardo Dale, CEO de seguros da Oneglobal Brasil, o plano é de triplicar a operação em três anos e chegar a uma receita de R$ 3 bilhões. Com essa projeção, somente a área de benefícios deve responder pelo menos 30% do negócio e faturar R$ 1 bilhão.

“O que fizemos foi uma sinergia de expansão. É um complemento de produto que a gente não compete. Pelo contrário”, diz. “A ideia é como podemos explorar esse ecossistema de oportunidades.”

Nesse raciocínio, a nova área de atuação da Oneglobal, que agrega as cerca de 300 mil vidas nas três modalidades de seguros oferecidos pela Proativa (mais da metade é de seguro saúde), deve chegar perto de 1 milhão de vidas seguradas até 2028.

A aproximação entre as empresas começou em fevereiro deste ano. “A gente imaginava, a partir do terceiro ano de atuação no Brasil, ter um braço de benefícios. Quando começou o ano, a gente intensificou esse movimento. Conhecemos a Proativa e a gente se identificou”, afirma Dale.

“Muita gente pedia esse serviço e nós não tínhamos o produto. Agora, vamos poder agregar essa oportunidade para atender as empresas que já atuamos no mercado de grandes riscos”, afirma o CEO de seguros da Oneglobal. “Vamos ajudar o trabalho de muitos CFOs.”

Luis Cardoso (CEO Oneglobal Brasil), Roberto Sturm (cofundador Proativa), Leonardo Dale (CEO de seguros Oneglobal Brasil) e Michel Wajs (cofundador da Proativa)

A Oneglobal tem escritórios na catarinense Jaraguá do Sul, Belo Horizonte, Campinas, Ribeirão Preto, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A Proativa está mais presente no estado de São Paulo. Geograficamente, a companhia quer chegar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Nesse horizonte, o cross-sell (venda complementar aos já clientes da empresa) será um pilar importante deste plano de crescimento. Entre os clientes do segmento de grandes riscos estão WEG, JBS, Stone, Petrobras, Eneva, e que a empresa pretende levar a nova solução.

Para Wajs, o cenário atual, com uma taxa de desemprego de 5,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contribui para o plano de crescimento da área de benefícios corporativos, totalmente conectada ao volume de funcionários nas empresas.

“O nosso mercado é muito resiliente. Na pandemia, tivemos zero de inadimplência. As empresas cada vez mais entendem que o recurso investido na saúde do colaborador não é um custo”, diz o cofundador da Proativa.

Hoje, a Oneglobal tem mais de 300 clientes corporativos e a Proativa, acima de 150. O plano de crescimento da companhia faz sentido, principalmente quando se leva em consideração que 70% do mercado de saúde privada no Brasil, com 48 milhões de beneficiários, é direcionado ao público corporativo.

Presente em 15 países, a Oneglobal inglesa é sócia de 70% da operação na América Latina (que inclui Brasil, Costa Rica, República Dominicana, Panamá, Colômbia e Peru). Os demais 30% pertencem aos diretores da companhia nos países da região, que também são sócios.

Dessa forma, os recursos para a compra da Proativa vieram de um aporte de £ 10 milhões do fundo de investimento BP Marsh, recebido pela matriz inglesa da Oneglobal.

Segundo Dale, a operação brasileira foi a que mais cresceu no mundo. A meta inicial de crescer 70% na receita foi batida em setembro. Agora, o novo alvo é de chegar a uma alta de 125%. Eles não abrem a receita da empresa.