Conselheiro, fiel escudeiro e braço direito de Warren Buffett. Com essas credenciais e dono de uma fortuna estimada em US$ 2,2 bilhões, o investidor americano Charlie Munger é uma das vozes mais respeitadas no mercado de investimentos.

Prestes a completar 98 anos, o sócio e vice-presidente da Berkshire Hathaway segue na ativa e, nesta sexta-feira, 3 de dezembro, foi a principal atração de uma conferência online promovida pela empresa australiana de investimentos Sohn Hearts & Minds.

Conhecido por seu estilo franco e direito, o bilionário americano discorreu sobre vários temas. Mas um deles, em particular, concentrou boa parte da sua participação no evento, segundo o jornal Australian Financial Review: a comparação do momento atual do mercado com a época da bolha pontocom.

“O boom das empresas pontocom foi o mais louco em termos de valuation”, afirmou Munger. “Mas, no geral, eu considero que esse momento é ainda mais louco do que a era do pontocom. Você tem que pagar muito por boas empresas e isso reduz seus retornos futuros.”

Diante desse contexto, Munger ressaltou que a China tem sido mais eficaz que os Estados Unidos ao adotar políticas mais rígidas e medidas mais austeras para controlar os ativos digitais e evitar eventuais excessos no mercado.

“Eles estão certos em pisar forte nas barreiras e não deixar essas empresas irem muito longe. Na medida em que meu país não faz isso, somos inferiores à China”, observou. “Eles estão agindo de forma mais adulta.”

Munger, um crítico ferrenho das criptomoedas, também elogiou as medidas que as autoridades chinesas vêm adotando em relação a esses ativos. “Os chineses tomaram a decisão correta, que é simplesmente bani-las”, afirmou.

Para reforçar sua visão negativa sobre esses ativos, ele disse que pretende ganhar dinheiro vendendo “boas coisas”. “Acredite em mim. As pessoas ligadas às criptomoedas não estão pensando no cliente, mas em si mesmas”, disse. “Eu não gostaria que nenhum deles se casasse com alguém da minha família.”

Em sua participação, Munger também teceu críticas à geração dos millennials americanos, a quem chamou de “muito peculiares, muito egocêntricos e muito esquerdistas”. E reservou tempo para falar sobre Elon Musk, o bilionário à frente da Tesla.

“Ele pensa que é mais capaz do que realmente é e isso o ajudou”, observou, acrescentando que nunca se deve “subestimar um homem que se superestima”.