Na sala ainda montada de uma recente convenção de vendas, na sede do grupo Cimed, em São Paulo, embalagens coloridas preenchem a parede de cima a baixo. São as caixas da linha de perfumes íntimos Puzzy by Anitta, parceria da cantora e empreendedora Anitta com a farmacêutica, lançada em agosto passado, que chega a seis fragrâncias. Mas a parceria deve crescer.
A dobradinha com a Cimed, na qual Anitta tem participação nas vendas, “previa o desenvolvimento de novos produtos”, disse ao NeoFeed Karla Felmanas, vice-presidente do grupo. O NeoFeed apurou que está nesta lista o lançamento de produtos cosméticos, alinhados ao estilo de vida da artista, e também de beleza íntima. A Cimed não quis comentar.
Mas como a Cimed estabeleceu no ano passado como meta lançar 150 produtos em cinco anos, em especial na área de medicamentos e vitaminas, ter no mercado lançamentos que se beneficiam do "efeito Anitta" é, no mínimo, estratégico.
A cantora hoje é sócia da Fazenda Futuro, embaixadora global do Nubank, head de criatividade do Beats, da Ambev, e tem contratos publicitários com Rexona, Cheetos, Claro, Adidas (global), Samsung e Shein (global), Lay's (EUA) e Dolce & Gabbana Maquiagem (global).
No Brasil, o Puzzy “inaugurou a categoria perfumaria em bem-estar sexual” no varejo farmacêutico. Até então, a empresa já era atuante em cuidados íntimos com o lubrificante K-Med e o sabonete íntimo Dermafeme. De agosto a fevereiro, a companhia vendeu 400 mil unidades e a previsão de faturamento no semestre com Puzzy é alcançar R$ 50 milhões.
Os lançamentos mais recentes do perfume foram no carnaval. João Adibe, CEO da Cimed, havia antecipado em dezembro ao NeoFeed que eles seriam um “hit”. A farmacêutica criou até um perfil específico para o produto no Instagram, o @puzzybyanitta, que já conta com 146 mil seguidores.
Com fragrâncias como “Patroa”, “Preparada”, “Larissinha” e “Alpha”, os produtos também estão sendo exportados para os Estados Unidos via Amazon, sendo o primeiro produto da farmacêutica a ser vendido no mercado externo.
No lançamento de Puzzy, Anitta participou ativamente do processo desde o desenvolvimento de cada item até toda a concepção de marketing. “É uma cocriadora”, definiu Karla Felmanas, vice-presidente do grupo que ocupa o terceiro lugar em volume no setor, em especial, atuando com genéricos.
“Antes de nos procurar, Anitta apresentou o projeto do Puzzy para outra grande empresa, que não se interessou. Tudo que ela faz tem de ser algo que ninguém fez antes e isso tem tudo a ver com a gente”, diz Karla.
A cantora usava uma versão caseira da fragrância criada por uma amiga e distribuía os vidrinhos para as pessoas mais próximas. Até que decidiu desenvolver sua linha de beleza nada convencional e escalar seu perfume.
“Essa categoria de bem-estar sexual tem muito potencial para crescer e estamos acompanhando de perto, sempre dentro da nossa proposta de democratizar os produtos”, afirma Karla.
Onda da harmonização facial
Além de ampliar a parceria com Anitta, outra aposta de crescimento para a Cimed é a área de estética. Especificamente com o ácido hialurônico injetável, um setor em expansão em especial com a onda das harmonizações faciais.
Segundo o Painel de Harmonização Facial da IQVIA4, multinacional de informação em saúde e pesquisa clínica, o mercado de injetáveis estéticos (incluindo aí toxina botulímica, bioestimuladores de colágeno, ácido hialurônico, entre outros) cresceu 46,5 % no Brasil, em 2021.
A previsão é que mercado global de ácido hialurônico chegue a US$ 4,4 bilhões este ano e cresça numa média de 9,1% ao ano até 2027, segundo a consultoria Report Linker.
Diferentemente das outras áreas do Grupo que estão diretamente no varejo com medicações, em geral, sem prescrição médica, o ácido hialurônico só pode ser aplicado por especialistas.
“Para isso, vamos ter de fazer o que nunca fizemos, que é a visitação médica”, diz Karla. Como, desde 2019, os dentistas além de dermatologistas também estão autorizados a fazer preenchimento facial, a companhia está realizando um mapeamento nacional de consultórios.
O produto, que fará parte da linha Milemetric, está previsto para chegar ao mercado em 2024, vai ser importado da Coreia, “o maior centro de inovação em beleza do mundo”, diz Karla, e está em avaliação na Anvisa.
Nessa seara, a Cimed vai concorrer com players estabelecidos como a Galderma, com a marca Restylane ( que virou sinônimo de categoria), a Allergan, com a Juvederm, e a Merz Aesthetics, com Belotero. “Nossa vantagem é desenvolvemos um produto que além da eficiência vai custar menos de 50% da concorrência, garantindo o acesso para muito mais gente.”
A Cimed encerrou 2022 com um lucro líquido de R$ 268 milhões, o que representou um crescimento de 4,9% na última linha do balanço sobre o número apurado em 2021. Na mesma base de comparação, a receita líquida registrou um salto de 22,5%, para R$ 1,9 bilhão.
No ano, o Ebitda ajustado da operação foi de R$ 479 milhões, alta anual de 18,9%. Já o índice de alavancagem da companhia, medido pela relação dívida líquida/Ebitda, ficou em 0,96 vez, contra 1,04 vez há um ano.