Enquanto os maiores bancos brasileiros sentiram os impactos do caso Americanas e da desaceleração da economia brasileira, o Nubank conseguiu apresentar uma rentabilidade significativa com suas operações no País, acima do registrado pelos incumbentes.

Ao final de seu primeiro ano como companhia aberta, o Nubank registrou um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) anualizado com suas operações brasileiras de 35%, segundo dados divulgados na terça-feira, dia 14 de fevereiro.

“O mercado vem cobrando lucratividade continuamente e a gente finalmente pode demonstrar que o modelo de banco digital, uma vez que chega a determinado patamar, consegue gerar ROEs acima da indústria tradicional”, diz David Vélez, cofundador e CEO do Nubank, ao NeoFeed.

O índice ficou acima do registrado pelas maiores instituições. O Banco do Brasil, que até então tinha registrado o melhor desempenho, alcançou um ROE anualizado de 21,1%. O Itaú registrou um retorno de 20,3%, o Bradesco, de 13,1% e o Santander de 16,3%.

No quarto trimestre, o banco digital registrou um lucro líquido de US$ 58 milhões, excluindo o efeito não recorrente e não caixa da rescisão do plano de remuneração em ações - Plano Ações Contingentes (CSA na sigla em inglês) de 2021 no valor de US$355,6 milhões. No quarto trimestre de 2021, o prejuízo havia sido de US$ 66,1 milhões.

Em termos ajustados, o lucro somou US$ 113,8 milhões, um forte avanço frente ao ganho de US$ 3,2 milhões reportado entre outubro e dezembro de 2021.

Pela primeira vez, o Nubank divulgou detalhes das operações brasileiras, que responderam por 93% do faturamento. O lucro líquido somou US$ 185 milhões em 2022, revertendo o prejuízo de US$ 20 milhões de 2021.

O Nubank fechou o ano com 70,9 milhões de clientes no Brasil, um avanço em relação aos 67 milhões registrados no terceiro trimestre de 2022. Considerando as operações no México e na Colômbia, o banco digital fechou 2022 com 74,6 milhões de clientes, alta de 38%.

“O Brasil vai mostrando índices de eficiência melhores, ganhando muita eficiência operacional, financiando outras geografias. A conta gera um lucro importante, que continua aumentando”, diz Vélez, destacando que as operações na Colômbia e no México ainda estão maturando.

No caso da inadimplência, um ponto que está sendo olhado com atenção em todos os bancos, o Nubank registrou um NPL (non-performing loan) de 15 a 90 dias de 3,7%, uma queda em relação aos 4,2% apurados no terceiro trimestre. O NPL acima de 90 dias, por sua vez, passou de 4,7% a 5,2%.

Segundo a companhia, parte da queda do NPL de 15 a 90 dias é explicada por sazonalidade. Mas Vélez diz que o recuo ficou acima do esperado, destacando que outra parte se deve a mudanças no modelo de concessão de crédito.

Com relação às expectativas para a inadimplência em 2023 no Brasil, Guilherme Lago, CFO do Nubank, afirma que o banco está atento à situação macroeconômica e a situação da alavancagem das famílias.

Ele afirma que a tendência é de que o banco e outras instituições registrem um aumento da inadimplência no primeiro trimestre. Mas destaca que o índice está relativamente estável, com os indicadores performando melhor do que as expectativas dos modelos, diante do perfil da base de cliente, que utilizam o Nubank como conta principal e com clientes de cartão que não entram no rotativo.

“Se, e esse é um grande se, eles permanecerem nesses patamares, a gente espera retomar gradualmente o crescimento da nossa carteira de crédito pessoal, crescendo tanto o crédito pessoal, quanto com operações de crédito com garantia, como consignado”, diz Lago.

Com relação a produtos, Vélez destacou que existem alguns que ainda precisam ser escalados, como a parte de seguros e o marketplace em que possui parcerias com Magazine Luiza e AliExpress.

Uma linha que o Nubank também quer avançar é na linha de produtos para Pessoas Jurídicas, propagandeando suas soluções de pagamentos. “Essas soluções vão aumentar significativamente em 2023”, diz Vélez.

Diferentemente do reportado inicialmente, o lucro líquido ajustado do Nubank foi de US$ 113,8 milhões, e não de US$ 133,8 milhões. A matéria foi corrigida.