Em 2004, quando tinha apenas 18 anos, Domingos Neto inaugurou na cidade de Santos a sua primeira hamburgueria. Não deu nem tempo de acender a grelha. O empreendimento fechou as portas 45 dias depois. “Não chegamos nem a ter alvará, quebrou antes”, afirma o empresário, hoje mais conhecido como Netão. Mas a história hoje é outra.

Dono de um canal no YouTube com mais de 1,2 milhão de inscritos, ele é hoje um dos maiores nomes do churrasco no Brasil. Sua empresa, a Bom Beef, faturou R$ 200 milhões em 2021 com as receitas geradas por franquias de hamburguerias e açougues. E para o ano que vem, a meta é chegar a R$ 300 milhões.

Para tornar esse montante realidade, Netão está tirando do forno – ou melhor, da grelha – outra frente para o negócio. No primeiro trimestre de 2023, a Bom Beef vai ganhar seu primeiro restaurante a la carte para servir cortes premium grelhados em churrasqueiras tipo “parrilla”.

“Um restaurante de carnes tem tração, porque há um mercado a ser explorado”, diz Netão ao contar os planos do novo empreendimento com exclusividade ao NeoFeed. “Hoje existem centenas de hamburguerias em todas as cidades, mas são poucos os restaurantes especializados em carne e churrasco no Brasil.”

A Parrilla Bom Beef contará com cinco opções de cortes bovinos, além de costela e cupim, que serão servidos com acompanhamentos. O cardápio também vai contemplar uma opção com carne suína, outra com frango e, possivelmente, alguma opção de pescado.

Com tíquete médio entre R$ 120 e R$ 150 e um menu diferente, a expectativa é que o novo restaurante não canibalize os outros negócios da companhia. “Na hamburgueria, a gente consegue democratizar a carne de alta qualidade”, diz Netão. “Na parrilla, é onde vamos trabalhar com o nosso melhor.”

A previsão é de que a inauguração ocorra em fevereiro, mas há uma possibilidade de antecipar a abertura para janeiro, dado que, segundo o empresário, as obras estão sendo finalizadas.

Ao longo de 2023, a expectativa é abrir 30 restaurantes Parrilla Bom Beef em todo o Brasil. Essa expansão acontecerá por meio de franquias, o mesmo modelo adotado nas outras marcas da companhia.

Atualmente, a Bom Beef tem 17 unidades de sua hamburgueria, a Bom Beef Burgers, e 93 franquias do seu açougue espalhadas pelo País. Esse número deve subir consideravelmente em 2023. Segundo Netão, a rede já tem pelo menos 80 açougues vendidos, com inauguração marcada para o ano que vem.

O empresário ainda não crava qual será o investimento inicial em uma franquia do Parrilla Bom Beef, mas a tendência é de que os valores e os formatos sejam próximos aos que já são praticados pela companhia em sua hamburgueria.

Na Bom Beef Burgers, o franqueado investe entre R$ 859 mil e R$ 985 mil para lojas com 40 ou 65 lugares, respectivamente. Uma terceira opção é a montagem de uma unidade dentro da praça de alimentação de um shopping. Nesse modelo, o investimento parte de R$ 799 mil.

A projeção de faturamento e lucro de cada loja também não foi definida, mas a tendência é de que os números não fujam muito dos apresentados nos outros negócios. Em média, cada unidade da Bom Beef Burgers registra uma receita mensal de R$ 500 mil e uma margem de lucro entre 20% e 25%. Nos açougues, o lucro fica entre 10% e 15%.

O plano de abrir um restaurante a la carte começou a ser desenhado em 2016. Dois anos depois, Netão comprou o imóvel onde ficará o primeiro empreendimento da rede. Com a pandemia e o sucesso nos outros braços da operação, o projeto foi deixado de lado momentaneamente. As obras foram retomadas em outubro desse ano.

O capital necessário para abrir a nova operação vem da própria receita da empresa, o que fez com que Netão não precisasse correr atrás de investidores externos para o negócio. “Todo o investimento até agora foi meu. Uma operação começou a pagar a outra”, diz.

O novo restaurante coloca a Bom Beef num mercado que conta com marcas Outback, Applebees, NB Steak, Detroit American Steakhouse, entre outras cadeias que também servem carnes em steak.

Vida antes do YouTube

Criado em Santos, Netão começou sua trajetória trabalhando dentro do açougue que pertencia ao tio. Depois de passar alguns anos fora do Brasil, ele voltou ao País e, em 2013, comprou o estabelecimento que passou a se chamar Bom Beef. “No meu primeiro mês, eu consegui aumentar o faturamento de R$ 17 mil para R$ 118 mil”, conta o empreendedor.

Na época em que comprou a operação, Netão ainda não tinha seu canal no YouTube, que só foi aberto um ano depois. Para ampliar a receita, ele mudou o conceito do açougue para se diferenciar da concorrência ao trazer cortes que, naquela época, eram mais conhecidos fora do Brasil ou em restaurantes especializados em carne.

A partir do canal no YouTube, em que os vídeos já somam mais de 83 milhões de visualizações, o negócio cresceu exponencialmente. A primeira hamburgueria veio em 2021. Já a primeira franquia do açougue foi aberta em maio desse ano.