A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa dona do Ozempic e do Wegovy, está sendo pressionada pelo governo americano para reduzir o preço de seus medicamentos. Segundo o senador progressista Bernie Sander, a empresa está explorando o povo e deixando de ajudar a salvar vidas com os valores praticados. O preço de tabela do Ozempic é de US$ 968,52 nos Estados Unidos, enquanto o Wegovy parte de US$ 1.349 por mês.
É com essa perspectiva em mente que o senador, que preside o comitê de saúde, educação, trabalho e pensões, tem um encontro marcado com o CEO da farmacêutica, Lars Fruergaard Jorgensen, na terça-feira, 24 de setembro.
“Ninguém está questionando o direito deles de obter lucro, mas o que estamos colocando em pauta é uma ganância excessiva que tem o potencial de falir o Medicare”, afirmou Sander ao Financial Times. Segundo o senador, o Ozempic poderia ser produzido por menos de US$ 100 por mês, com base em suas conversas com fabricantes de medicamentos genéricos.
Apesar dos preços dos medicamentos serem, de fato, superiores aos concorrentes desenvolvidos para doenças como o colesterol, que tem pílula vendida a US$ 150 por mês, a Novo Nordisk continua observando uma alta consistente em suas vendas.
Até o início do segundo semestre, a dupla de medicamentos vendeu quase US$ 50 bilhões e deve alcançar US$ 65 bilhões até o fim do ano, de acordo com análise da Bloomberg News. Após ajustes inflacionários, o valor superaria o montante de US$ 68 bilhões que a Novo Nordisk destinou a pesquisa e desenvolvimento desde 1990.
Na visão da companhia, a acusação do senador é infundada. A farmacêutica diz ter gastado mais de US$ 10 bilhões no desenvolvimento do Ozempic e de medicamentos similares ao longo de três décadas e que o investimento nesses remédios só se tornou lucrativo nos últimos dois anos.
Em uma carta enviada no início do ano, a Novo Nordisk disse também que fica com cerca de 60% do preço de tabela dos dois medicamentos após descontos e taxas pagas a intermediários na cadeia de suprimentos de medicamentos dos EUA. A companhia afirma que o preço líquido do Ozempic recuou 40% desde seu lançamento no país e que o Wegovy segue uma trajetória semelhante.
Atualmente, mais de 40% dos adultos nos Estados Unidos têm obesidade, embora apenas uma pequena parte esteja utilizando esses medicamentos por restrições de seguro e custos.
Em meio às pressões, Ulrich Otte, vice-presidente sênior da Novo Nordisk, disse que o Ozempic “muito provavelmente” será um dos medicamentos alvo de cortes de preços na próxima rodada de negociações do Medicare.
Em 2022, o Medicare gastou US$ 4,6 bilhões com o subsídio de Ozempic para 780 mil beneficiários. Para o Wegovy, o governo teria que desembolsar cerca de US$ 268 bilhões para 9,7 milhões de pacientes do Medicare com obesidade, de acordo com uma pesquisa publicada no New England Journal of Medicine.
“Tenho a sensação de que, se conseguirmos que a Novo Nordisk reduza substancialmente seus preços, a Eli Lilly não ficará muito atrás”, afirmou Sanders.