No começo deste ano, a rede de de açaí Oakberry contava com 28 unidades fora do País. Agora, são 78. E até o fim deste ano, o plano é inaugurar mais 62, quando chegará a 140 lojas, um crescimento de mais de seis vezes. Em 2022, 110 unidades já estão “vendidas.”
Para acelerar o plano de levar o açaí para o mundo, a Oakberry está concluindo uma captação de R$ 100 milhões. Os recursos vão ser usados também para abrir lojas próprias e para que a rede comece a ter mais controle de seu processo de produção e logístico, hoje todo terceirizado, diz Georgios Frangulis, fundador e CEO da rede, com exclusividade ao NeoFeed.
A captação, no entanto, segue um roteiro diferente do formato padrão do mercado e não envolve nenhum fundo de private equity. A Oakberry contratou o BTG Pactual que modelou o negócio por meio de um FIP (Fundo de Investimento em Participações) específico para a companhia. A Kilima e a Monte Bravo, agora, estão concluindo a captação. “Falta pouco”, afirma Frangulis.
Os novos investidores vão se somar aos atuais sócios. Entre eles a holding SMZTO, do empresário José Carlos Semenzato, o ex-piloto de Fórmula 1 Felipe Massa e o tenista Bruno Soares. “Conseguimos crescer, até agora, sem captar”, afirma Frangulis, que é piloto da Porsche Cup. “Agora, vamos acelerar.”
Até o fim do ano, serão abertas 19 unidades na Austrália, 13 nos Estados Unidos, 9 nos Emirados Árabes e 5 na Espanha. Países como Portugal, Malta, Paraguai, Kuwait, México e Bahrein receberão também as lojas da Oakberry. Atualmente, a rede já está presente em 20 países, como China, Croácia, Grécia e Israel, e quatro continentes.
A expansão tem sido feita através de master franqueados, grupos que “compram” o direito de expandir a marca em uma determinada região, como o McDonald´s fez na América Latina com a Arcos Dourados e o Burger King com a BK no Brasil.
A previsão é que as lojas internacionais terminem o ano de 2021 com um faturamento maior do que as brasileiras. Dos R$ 280 milhões que pretende faturar neste ano, R$ 150 milhões serão dos negócios fora do Brasil. No longo prazo, o fundador da Oakberry acredita que a operação internacional será maior do que a brasileira em uma proporção de 70% a 30%.
“A Oakberry está apostando em uma fórmula pouco usual: a regra do jogo é começar a expansão pelo Brasil”, afirma Eduardo Yamashita, diretor de operações do Grupo GS& Gouvêa de Souza. “Eles estão fazendo os dois movimentos ao mesmo tempo. É uma estratégia ambiciosa.”
Yamashita lembra que a operação internacional tem receita em moeda forte, assim como os custos. E que, para fazer sentido, o negócio precisa escalar rápido. “Há o desafio de controlar a gestão”, diz Yamashita. “O gerenciamento é sempre mais complexo.”
Os planos internacionais sempre estiveram na origem da Oakberry. Na verdade, Frangulis tentou abrir o negócio nos Estados Unidos, quando morava em Santa Barbara. Na época, observou uma tendência por produtos naturais. Foi então que resolveu unir conceitos do fast food, como rapidez e padronização, com um alimento saudável, o açaí. “Sempre pensei o negócio como internacional”, diz.
Mas Frangulis não conseguiu tirar o negócio do papel nos Estados Unidos. Ele voltou ao Brasil e com seu amigo Renato Haidar abriu a Oakberry como um pequeno quiosque no Shopping Cidade de São Paulo, na Avenida Paulista, em São Paulo, no fim de 2016.
A escolha do açaí foi porque Frangulis queria algo saudável. Mas o fato de a fruta ser tipicamente brasileira – só é encontrada no Norte do País – e de ser um alimento rico em proteínas, gordura vegetal, vitaminas (B1, C e E), minerais e fibras dá à Oakberry uma marca que tem a cara do Brasil.
“As marcas que exploram a brasilidade têm um desempenho internacional melhor”, diz Yamashita, da GS& Gouvêa de Souza “E a Oakberry tem feito um trabalho de contar sua história e de explorar a saudabilidade do açaí. Isso ajuda a reforçar a marca e a descommoditizar o produto.”
A aposta internacional, no entanto, não significa que a Oakberry vai deixar de avançar no Brasil. Frangulis acredita que a rede está concentrada no Sudeste e que há espaço para crescer para outras regiões do Brasil, onde já conta com 351 unidades. “Temos condições de ter mais de 700 unidades nos próximos quatro anos”, afirma o empreendedor.
No Brasil, as franquias, principal modelo da Oakberry, começam com um custo a partir de R$ 165 mil. No exterior, o valor parte de US$ 85 mil. As lojas vão desde quiosques com 6 metros quadrados até lojas com 150 metros quadrados.
Delivery próprio
A Oakberry está investindo também em um delivery próprio, depois de ver a demanda pelas entregas crescer com a pandemia – no auge, no ano passado, o formato chegou a representar quase 70% da receita da companhia. Hoje, está na casa dos 35%.
A rede está fazendo testes na cidade de São Paulo. Para isso, fechou uma parceria com a empresa de logística Jet para ter sua “própria frota” de motoboys e desenvolveu um aplicativo para receber os pedidos.
Apesar de reconhecer que as taxas de serviços como Rappi, iFood e Uber Eats são altas, Frangulis não vê nisso a principal motivação para investir em seu próprio delivery.
“O maior valor não é a margem, mas sim ter contato direto com o cliente”, afirma Frangulis. “Toda a informação ficava com a plataforma de terceiros. É importante sabermos quem é o cliente, onde ele está, o que ele pede e a que horas.”
Apesar disso, a Oakberry vai manter os pedidos por aplicativos de iFood e Rappi. “Ainda precisamos deles, por conta da capilaridade, mas a nossa ideia é começar a criar um vínculo maior com o público consumidor de produtos por delivery.”
Assim como a Oakberry, outras empresas da área de alimentação estão tentando reduzir a dependência de iFood e Rappi. São os casos de McDonald’s, Domino’s, Outback, Giraffas, Rei do Mate, Spoleto e Bob’s, entre outros nomes, que criaram o Quiq.
A operação tem ainda como sócio o fundador da GetNet, José Renato Hopf, e se define como um SaaS para ajudar esses restaurantes a resolver problemas operacionais e logísticas do delivery.