Em meio a sinais de que a economia da China está reabrindo após os duros lockdowns promovidos pelo governo para combater a Covid-19, junto com a perspectiva de que o Brasil vai desacelerar em 2023, o Itaú BBA realizou alguns ajustes em suas projeções para as empresas de siderurgia e mineração e de papel e celulose. 

O cenário que se desenha para o próximo ano fez os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Bárbara Soares avaliarem que as melhores oportunidades nestes dois segmentos estão nas companhias mais expostas ao cenário internacional do que à economia brasileira. 

Neste sentido, a preferência deles é pelo segmento de papel e celulose, visto como um “bom lugar para se esconder da volatilidade doméstica”. Mesmo prevendo que o preço da celulose recuará do preço médio de US$ 790 a tonelada esperado para 2022 para US$ 650, eles avaliam que este é um patamar "saudável" para o segmento. 

"Reconhecemos o cenário mais desafiador para os preços da celulose, por conta das adições de capacidade esperadas para 2023, mas acreditamos que os maiores custos marginais de produção proverão um piso mais elevado que nos ciclos anteriores", diz trecho do relatório. 

Entre Suzano e Klabin, os analistas do Itaú BBA avaliam que a primeira é a melhor escolha, afirmando que a relação entre risco e retorno está mais atrativa e que muitos investidores ignoraram o forte desempenho da companhia em 2022. 

A recomendação para as ações da Suzano permaneceu em compra, mas o preço-alvo foi reduzido de R$ 70 para R$ 63, em função dos investimentos acima do esperado para 2023. Quem puxou esse aumento foi o projeto Cerrado, cuja previsão de capex é R$ 1,8 bilhão superior ao que os analistas esperavam. 

O mesmo ocorreu com a Klabin. A recomendação permanece sendo de compra, mas o preço-alvo diminuiu de R$ 27 para R$ 24, por conta do montante de investimentos previsto para 2023, de R$ 5,4 bilhões. 

Para siderurgia e mineração, os analistas avaliam que, mesmo a economia chinesa não indicando um crescimento robusto no ano que vem, o plano anunciado pelo governo para apoiar o setor imobiliário deve puxar para cima o preço do minério de ferro em 2023. A equipe do Itaú BBA revisou para cima o preço médio da commodity no ano que vem, de US$ 90 a tonelada para US$ 105 a tonelada. 

Este cenário deve favorecer a Vale. Os analistas do Itaú BBA revisaram para cima a estimativa para o Ebitda em 2023 em 22%, para US$ 20 bilhões. Segundo eles, a alta do minério de ferro deve compensar a queda no volume de vendas esperado para o ano que vem. 

Já a recomendação permaneceu em neutro, com os analistas afirmando que a Vale se tornará mais atrativa se o minério de ferro alcançar a faixa de US$ 120 a US$ 130 a tonelada. “Preferimos ficar de fora até vermos uma melhora nos dados de aço da China”, diz trecho do relatório. 

Já o mercado interno deve sofrer com a desaceleração da economia, impedindo o reajuste de preços. A situação deve ser particularmente difícil para a Usiminas, diante de sua exposição ao mercado interno e o fato de que será obrigada a comprar aço de terceiros por conta das manutenções previstas para o primeiro semestre. 

Prevendo uma queda de 39% do Ebitda em 2023, para R$ 3 bilhões, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações da Usiminas de compra para neutro, com o preço-alvo caindo de R$ 9 para R$ 8. 

A Gerdau, por sua vez, é a preferência dos analistas para 2023. Mesmo esperando uma contração de 38% do Ebitda, para R$ 14 bilhões, eles afirmam que a ação apresenta boas perspectivas de retorno aos acionistas, com a ação registrando um EV/Ebitda de 3,8 vezes e uma taxa de retorno sobre o fluxo de caixa de 13%. 

Para a CSN, a expectativa é de que a divisão de minério de ferro compense a desaceleração do mercado de aço, embora a rentabilidade das ações esteja prejudicada nos próximos anos em função dos investimentos previstos para a parte de mineração. O Itaú BBA manteve a recomendação para as ações em neutro e o preço-alvo em R$ 16.