A Aura Minerals deu início, na última semana de abril, à fase de produção do seu projeto Almas, o primeiro greenfield da mineradora no Brasil. Localizado em Tocantins e com capex estimado de US$ 73 milhões, a produção média esperada da mina até o quinto ano de operação é de 50 mil onças de ouro por ano.

“Os projetos têm um payback de dois anos. Agora que Almas está em ramp up e começará a gerar caixa no segundo semestre, vamos dar início ao Projeto Borborema em junho. Dessa maneira, não comprometemos a alavancagem da companhia”, diz o CEO Rodrigo Barbosa em conversa com o NeoFeed,diretamente da unidade de Honduras.

Almas será de extrema importância para o resultado da Aura neste ano. A expectativa é que a mina possa entregar entre 25 mil e 30 mil onças de ouro em 2023 e recuperar a baixa produção reportada pela companhia neste primeiro trimestre.

De acordo com os resultados divulgados pela empresa após o fechamento do mercado na quinta-feira, 4 de maio, a produção de janeiro a março deste ano foi de 53 mil onças equivalentes de ouro (GEO na sigla em inglês), uma queda de 21% sobre o trimestre anterior e de 9% sobre o mesmo período de 2022. Atualmente, a companhia detém as jazidas EPP, no Mato Grosso, Aranzazu, no México, e Minosa, em Honduras.

“É natural que tenham picos e vales devido aos teores altos ou baixos. É diferente extrair 1 grama de ouro por tonelada ou 3 gramas de ouro por tonelada. Isso já é esperado. O que não estava previsto na performance era a queda em Honduras”, diz Barbosa.

Desde novembro do ano passado, a Aura vem promovendo uma série de mudanças na mina de San Andrés para recuperar a produtividade e, consequentemente, aumentar a produção. A expectativa é que os resultados voltem a aparecer no próximo trimestre.

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Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals

Outro fator que influenciou essa queda de produção da Aura foi o desempenho do Brasil. Se no trimestre anterior haviam sido 27 mil GEO, neste foram apenas 13 mil GEO.

“O Brasil estava no momento de teor mais alto e isso não vai se repetir. Mas, assim como foi no ano passado, teremos um terceiro e quarto trimestre fortes, o que me dá tranquilidade para manter o guidance por ano”, afirma Barbosa.

O guidance da Aura é encerrar 2023 com produção entre 260 mil e 280 mil GEO - por isso a importância da mina de Almas.

Um M&A para a Aura

Mesmo com a queda na produção no trimestre, o Ebitda ajustado da companhia foi de US$ 37 milhões, o mesmo resultado do trimestre anterior - que havia sido o segundo melhor da história da Aura.

A explicação é que houve compensação pela valorização do ouro, que está próximo das máximas históricas. Embora a dívida líquida tenha aumentado para US$ 89 milhões no primeiro trimestre, a alavancagem da companhia segue baixa, em 0,7 vez.

Nos próximos meses, Barbosa dará prioridade a movimentos de M&A. Em maio do ano passado, a Aura assumiu o Projeto Borborema, localizado no Rio Grande do Norte e com recursos indicados (projeção) de 1.687 onças de ouro, ao adquirir a australiana Big River Gold por R$ 313 milhões.

“O M&A é estratégico para destravar valor para o acionista e a companhia alcançar novos múltiplos”, diz o CEO da Aura.

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Mina da Aura Minerals em Aranzazu, no México

Segundo ele, empresas que produzem até 500 mil onças negociam a 40% do net asset value (NAV) em bolsa. As que sobem para a casa de 600 mil onças negociam a 70% do NAV.

Até 2025, a projeção da Aura é produzir 450 mil onças. Mas aquisições podem levar a empresa a mudar de patamar.

O BDR da Aura na B3 encerrou o pregão em alta de 2,66%, aos R$ 39,23. O valor de mercado é de R$ 2,8 bilhões. No ano, até 4 de maio, o papel acumula 30,7% de valorização.