Depois de um primeiro ano desafiador como companhia aberta, o Nubank vem mostrando sinais de recuperação no decorrer de 2023. É o que mostram suas ações, que, no acumulado do ano, registram uma valorização superior a 35% na Bolsa de Nova York.

Esse bom momento e as perspectivas positivas à frente da fintech estão no centro de um novo relatório do J.P. Morgan. O que se traduz na elevação do preço-alvo da ação, de US$ 5 para US$ 9, e da recomendação, de neutro para overweight (compra).

“Estamos atualizando o Nubank para overweight à medida que ficamos mais confiantes em sua estratégia secular vencedora e vemos a recente correção do preço das ações como um bom ponto de entrada”, escrevem os analistas Yuri Fernandes, Guilherme Grespan e Marlon Medina.

Ao lado dos esforços para ampliar e monetizar a base de clientes, a busca do Nubank para se tornar a conta bancária principal desses correntistas é um dos pontos destacados pelos analistas, a partir de uma pesquisa proprietária do banco americano com usuários da fintech.

O levantamento mostra que, entre 2021 e 2023, a participação do Nubank nessa base saiu de 15% para 27%. Para efeito de comparação, no mesmo intervalo, o Itaú Unibanco caiu de 16% para 15%, enquanto o Bradesco se manteve em 13% e o Santander recuou de 9% para 8%.

Ao frisar que um em cada quatro brasileiros usa a empresa como seu banco principal, o J.P. Morgan ressalta que a fintech alcançou 84 milhões de clientes no segundo trimestre, sendo aproximadamente 80 milhões no Brasil.

“Desses, cerca de 82% são clientes ativos e 58% usam o Nubank como banco principal. Isso implica que cerca de 40 milhões de brasileiros usam o Nubank como seu principal banco, ou cerca de 25% da população adulta do País”, observam os analistas.

O relatório faz a ressalva de que as respostas sobre a principalidade da conta podem ser subjetivas e que, provavelmente, os bancos tradicionais têm uma fatia muito maior da carteira, com uma boa parcela reservado ao Nubank o usa da conta mais restrita a transações.

“Ainda assim, ser reconhecido como o banco principal significa que o Nubank tem todo um caminho para ganhar participação de mercado no Brasil por vários anos”, afirmam os analistas.

A participação ainda baixa do Nubank em diversas linhas de produto no varejo é outro ponto visto como positivo dentro das perspectivas de ganho de market share para a empresa. Segundo o J.P. Morgan, em cartões, no que diz respeito ao volume total de pagamentos (TPV), essa fatia é de 14%.

Já em empréstimos de cartão de crédito, a participação da fintech é de 11%, enquanto em crédito pessoal, a fatia é de 5%. Em depósitos no varejo, por sua vez, o índice é de 4%. Números à parte, o banco americano cita o desafio de o Nubank ganhar mais tração em clientes de renda mais elevada.

“É verdade que a demografia é amiga do Nubank (ou seja, clientes que estão envelhecendo e, espera-se, mais ricos). Ainda assim, nosso caso base é que o Nubank não irá para uma fatia de 20-25% nesses produtos”, traz outro trecho do relatório.

A despeito dessa ressalva, o J.P. Morgan destaca que o Nubank tem uma grande vantagem em termos de custos em relação aos seus pares históricos, o que resulta em “retornos mais elevados e melhor adaptabilidade a ruídos regulatórios” no longo prazo.

“A empresa teve um segundo trimestre sólido com ROE de 17%, superior ao do Itaú, no Varejo, e agora prevemos lucro líquido de US$ 1,6 bilhão e ROE de 23% em 2024”, afirma o trio de analistas, que ressalta, agora, o Nubank como sua principal escolha entre os bancos brasileiros.

Entre os temas regulatórios em pauta, o relatório ressalta, no entanto, a discussão sobre os juros do rotativo, em curso no mercado. Na visão do banco, caso a proposta em andamento de estabelecer um teto de 100% a ano, o Nubank terá um impacto de cerca de 15% em seu lucro por ação em 2024.

Outro debate que traz um risco potencial para o Nubank, na visão dos analistas, envolve o limite de intercâmbio para cartão de crédito.

“Mas essa é uma discussão que pode ser levada pelo Banco Central em algum momento. Resumindo, as mudanças regulatórias continuam a ser fundamentais risco para a tese, mas vemos o impacto desses riscos potenciais diminuindo à medida que o Nubank cresce e diversifica sua base de receitas”, escrevem.

As ações do Nubank estavam sendo negociadas com alta de 5,43% por volta das 10h15 (horário de Nova York). A empresa está avaliada em US$ 34 bilhões.