A compra da StartSe pelo grupo educacional Alun, dono também de Alura, Fiap e PM3, encorpou a tese da Crescera Capital. Com o novo ativo, a empresa fundada por Paulo Silveira ganha mais músculos para uma venda. Os bancos de investimentos UBS e Goldman Sachs foram contratados e já sondam o mercado há tempos.

O plano, agora, é acelerar esse movimento que dará saída para a Crescera Capital. A gestora investe no grupo Alun através de dois fundos. O primeiro é o de venture capital, há oito anos. E o segundo é o de private equity, que entrou no grupo educacional em 2021.

Com uma receita prevista de R$ 800 milhões em 2025, o objetivo é atingir um múltiplo de 10 vezes o seu Ebitda, que está na casa dos R$ 300 milhões, segundo apurou o NeoFeed. Com isso, o valor do ativo ficaria na casa dos R$ 3 bilhões.

“Essa é uma empresa que até poderia pensar em um IPO, mas, no cenário atual, a melhor estratégia é tentar uma venda para um estratégico ou para outro fundo de private equity”, diz uma fonte que conhece a estratégia.

A venda será de uma fatia majoritária do grupo Alun. O fundo Seek Capital, que controla o grupo educacional com a Crescera Capital, deve também sair. “Mas vai depender do preço”, diz essa fonte.

Uma fonte com a qual o NeoFeed conversou, no entanto, acha que o múltiplo de 10 vezes o Ebitda é um tanto quanto esticado. Na B3, as empresas da área estão sendo negociadas com múltiplos menores, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. A Cogna, 5,74 vezes. A Yduqs, 4,62 vezes. A Anima, 4,34 vezes. E a Ser Educacional, 3,71 vezes.

O argumento para tentar um múltiplo tão esticado é que o grupo Alun não pode ser comparável com essas empresas. Ele tem foco em cursos livres e em tecnologia. Com a StartSe, ganhou um braço de educação executiva. “Ela é mais comparável ao Ibmec”, diz uma fonte próxima ao grupo Alun.

Esse não é o primeiro ativo de educação do qual a Crescera Capital vai deixar. Essa é uma das principais teses da gestora, que já saiu de Abril Educação, Afya e Anima. Em todos os casos, com um bom retorno.

O grupo Alun segue o playbook da Crescera Capital nessa área. Ela compra uma fatia majoritária de uma empresa e, pouco a pouco, com a tese de consolidação, vai dando corpo à companhia, preparando-a para uma venda.

Esse foi o caso da Alura, fundada em 2013. Há quatro anos, a empresa comprou a PM3, que é um braço de produtos digitais. Em 2022, foi a vez da Fiap. Agora, a StartSe. A holding nasceu em junho de 2025.

O desafio será conseguir um comprador em um momento em que os M&As no setor de educação estão em baixa, depois de anos de muitas transações. Os grupos de capital aberto, hoje, estão mais focados em suas estratégias orgânicas.

Por esse motivo, uma fonte da área acredita que há espaço para que outro fundo de private equity se interesse pelo ativo. “Há ainda muito espaço para crescer no grupo Alun”, afirma essa fonte.