Depois do susto provocado pelo primeiro prejuízo trimestral em quase quatro anos, as ações Petrobras lideram as altas da bolsa de valores na segunda-feira, 26 de agosto, no Ibovespa, apoiada em um noticiário favorável, com a combinação de preço do petróleo em alta e a expectativa de um banco por dividendos extraordinários.

Após ajustes, a ação ordinária PETR3 da estatal fechou o pregão com alta de 8,96%, a R$ 42,92, sendo a maior valorização diária do ativo desde 5 de agosto de 2021, quando os papéis subiram 9,63%, segundo levantamento feito pela consultoria Elos Ayta para o NeoFeed.

O papel preferencial PETR4 avançava 7,26%, a R$ 39,57, o que também representa o maior avanço desde 3 de outubro de 2022, de acordo com Elos Ayta. No ano, as ações ordinárias acumulam alta de 9,04% e as preferenciais registram ganho de 4,74%, levando o valor de mercado da companhia a atingir R$ 534,9 bilhões, ganhando R$ 40,9 bilhões no pregão de hoje.

As cotações do barril de petróleo no mercado internacional sobe fortemente por conta de uma série de episódios no cenário internacional, dando um impulso para as ações da Petrobras e de outras produtoras de petróleo. As cotações do petróleo tipo Brent para outubro subiam 3,16%, a US$ 81,52, enquanto os contratos do WTI para o mesmo mês avançavam 3,53%, a US$ 77,47.

A escalada do conflito entre Israel e o grupo terrorista libanês Hezbollah, no domingo, 25 de agosto, com ataques de ambos os lados no sul do Líbano, é um dos fatores que está puxando as cotações para cima. O medo é que o conflito possa envolver ainda o Irã. E os Estados Unidos sejam puxados para a confusão.

Outro episódio que pesou sobre o humor dos traders da commodity foi o ataque aéreo perpetrado pela Rússia contra a Ucrânia na madrugada e manhã de segunda-feira, 26. Foi a maior operação russa do tipo desde o início da guerra, em 2022.

Além disso, um dos grupos que busca o controle da Líbia informou que os campos de petróleo do país iriam paralisar a produção e a exportação, em meio a tensões políticas no fraturado país do norte da África.

Um dividendo bilionário

Além da valorização do petróleo, a decisão do Morgan Stanley de elevar a recomendação das ações dos recibos de ações (ADR) da Petrobras de neutro para compra também está ajudando os ativos da empresa brasileira. O preço-alvo passou de US$ 18 para US$ 20.

Os analistas Bruno Montanari, Thiago Casqueiro e Carlos Moraes justificaram a decisão com base na perspectiva de pagamento de dividendos extraordinários, avaliando que a companhia pode distribuir cerca de US$ 7 bilhões a mais aos acionistas entre o quarto trimestre deste e o final de 2025.

“Com a reintrodução dos dividendos extraordinários, vemos o potencial de um retorno total de 60%, composto por 37% de valorização do preço das ações, 16% de dividendos regulares e distribuições extraordinárias de 7%”, diz trecho do relatório.

Os analistas do Morgan Stanley afirmam que esse cenário está baseado naquilo que a nova administração da Petrobras vem sinalizando. Segundo eles, a CEO Magda Chambriard e o CFO Fernando Melgarejo vêm apontando para a manutenção da estratégia da companhia nos últimos anos, com a combinação de mais investimentos e distribuição de dividendos, enquanto tiver recursos em caixa.

O pagamento de dividendos extraordinários virou uma questão depois de a Petrobras aprovar o pagamento de R$ 13,6 bilhões em proventos, mesmo com o prejuízo do segundo trimestre, recorrendo à reserva de remuneração de capital.

Na teleconferência de resultados, Melgarejo afirmou que o pagamento em 2024 não está descartado, mas dependerá das premissas do plano estratégico para o período de 2025 a 2029, das perspectivas de geração de caixa no futuro e do caixa no presente.

A perspectiva de geração de caixa e dividendos extraordinários é o diferencial entre a Petrobras e outras grandes petroleiras. Os analistas do Morgan Stanley projetam uma taxa de retorno sobre o fluxo de caixa (FCF yield, em inglês) para a companhia de 22% em 2024 e 23% em 2025, acima da média de 7% prevista para este ano para as empresas do segmento e dos 11% para 2025.

“Embora possa haver riscos para níveis tão elevados de geração de caixa (como M&As, contingências tributárias, entre outros), não esperamos que comprometam materialmente o FCF ou os dividendos de formas que afetam a atratividade dos retornos”, diz trecho do relatório.

O noticiário da Petrobras traz ainda a informação de que a companhia está em busca de ativos de gás de xisto na Argentina. Segundo apurou a Bloomberg, a estatal quer elevar a disponibilidade do combustível, se enquadrando dentro da estratégia de expansão internacional da companhia.