Não é de hoje que o Bank of America (BofA) ocupa uma posição de destaque no portfólio de ações da Berkshire Hathaway, atrás apenas da Apple. A empresa da maçã é a “cereja do bolo” da gestora do megainvestidor Warren Buffett, com uma participação avaliada em US$ 172,5 bilhões.

Recentemente, porém, o banco americano viu a distância em relação à primeira colocada nesse pacote crescer. Um percurso cumprido pela gestora do “Oráculo de Omaha” na última semana explica esse novo movimento.

A Berkshire Hathaway vem reduzindo sua participação no BofA desde o último dia 17 de julho. Em seis sessões consecutivas, a gestora vendeu 52,8 milhões de ações do banco, no valor total de US$ 2,3 bilhões, segundo documentos registrados na Securities and Exchange Commission (SEC).

De acordo com esses registros, a Berkshire Hathaway se desfez de 18,9 milhões de ações da instituição, somente nos três primeiros pregões desta semana, a um preço médio de US$ 42,46.

Com essas negociações, a fatia na operação foi reduzida a 12,5%. A gestora ainda mantém 980,1 milhões de ações no banco, que segue na segunda colocação do seu portfólio, com uma participação avaliada em US$ 41,3 bilhões.

Segundo a CNBC, essa é a primeira vez desde o quarto trimestre de 2019 que a Berkshire Hathawy reduz sua exposição ao ativo. E, ao que tudo indica, Buffett e seus pares podem estar seguindo nessa direção para se beneficiarem do bom momento vivido pelo papel.

As ações do Bank of America acumulam uma valorização de 25,5% em 2024, enquanto o S&P 500 registra uma alta de quase 14% no período. E o papel ganhou um novo impulso na semana passada, o que coincidiu justamente com as vendas da gestora.

O BofA divulgou seu resultado do segundo trimestre de 2024 no último dia 16 de julho. No balanço, entre outros indicadores, o banco reportou um lucro por ação de US$ 0,83, um pouco acima das estimativas de analistas.

Na sequência da apresentação dos resultados, as ações do banco cumpriram um rali e encerraram o dia de negociações na bolsa de Nova York com alta de 5,34%, cotadas a US$ 44,13, seu maior valor em 52 semanas.

Apesar das negociações recentes desencadeadas a partir dessa valorização, a manutenção da aposta no Bank of America vem na contramão da tese que a Berkshire Hathaway vem aplicando para outros nomes do setor.

Desde 2020, com a chegada da Covid-19, a gestora reduziu ou se desfez de suas participações em diversos players do setor. A lista inclui bancos como J.P. Morgan, Goldman Sachs, Wells Fargo, US Bancorp, Bank of New York Mellon, PNC Financial e Synchrony Financial.

Há três anos, em meio a essa estratégia, Buffett explicou a acionistas que a gestora havia decidido seguir nessa direção porque temia que a Berkshire Hathaway estivesse superexposta ao setor e poderia sofrer caso a pandemia piorasse.

“No geral, não queríamos ter tanto nos bancos quanto nós tínhamos”, afirmou o investidor. Na oportunidade, ele destacou que os bancos tinham o Federal Reserve como rede de segurança, no caso de qualquer impacto mais significativo e acrescentou: “Nós dependemos de nós mesmos”.