Os problemas continuam perseguindo a Volkswagen. Após perder mercado na China e sofrer pressão sobre suas margens, a maior montadora da Europa se prepara para absorver um impacto negativo de € 5,1 bilhões (US$ 6 bilhões) em seus resultados.

O valor, segundo informou a companhia na sexta-feira, 19 de setembro, decorre da decisão da Porsche de revisar seu portfólio de produtos, em meio à fraca demanda por carros elétricos, comprometendo os planos da marca alemã de esportivos.

Segundo a empresa, a nova série de SUVs da Porsche, acima do Cayenne, não será lançada inicialmente como veículos totalmente elétricos, como previsto originalmente. Em vez disso, esses modelos serão oferecidos exclusivamente com motor a combustão e híbrido.

"Devido ao atraso no desenvolvimento da eletromobilidade, o lançamento de certos modelos totalmente elétricos está previsto para ocorrer posteriormente", informou a Porsche, em nota.

O desenvolvimento de uma nova plataforma para veículos elétricos será refeito, adiando o plano de lançar modelos totalmente elétricos a partir de 2030.

“A plataforma será redesenhada tecnologicamente em coordenação com outras marcas do Grupo Volkswagen. No entanto, a atual gama de modelos elétricos está sendo continuamente atualizada”, diz trecho da nota.

Entre os fatores citados pela Porsche para revisar seus planos estão a queda na demanda por carros elétricos na China e a tarifa extra de 25% sobre veículos importados imposta pelos Estados Unidos.

Por isso, a Volkswagen, que detém 75% da Porsche, informou que o retorno operacional sobre as vendas deve ficar entre 2% e 3% em 2025, abaixo da faixa estimada anteriormente, de 4% a 5%. Já a Porsche reduziu sua projeção de retorno sobre vendas de 5% a 7% para 2%.

A notícia se soma a uma série de contratempos enfrentados pela Volkswagen nos últimos anos. As vendas da montadora estagnaram, enquanto os planos de avançar em veículos elétricos não evoluem no ritmo desejado, diante da concorrência das marcas chinesas — apesar dos bons resultados na Alemanha no ano passado.

A companhia também enfrenta perda de competitividade, com uma estrutura considerada excessivamente inchada. No fim do ano passado, a Volkswagen anunciou o fechamento de fábricas na Alemanha, algo inédito em seus 87 anos de história.

Após protestos dos trabalhadores, com paralisações pontuais, a Volkswagen chegou a um acordo com o sindicato da categoria, no ano passado, para cortar mais de 35 mil empregos até 2030. A medida deve gerar economia de € 15 bilhões (US$ 17,6 bilhões), segundo informações da BBC.

Essas dificuldades, somadas ao impacto da tarifa americana, levaram a Volkswagen a projetar estagnação nas vendas em 2025. Para este ano, a expectativa é de receita semelhante à registrada no ano passado, de € 324,7 bilhões (US$ 381,6 bilhões).