A saída de Rodrigo Abreu, que estava à frente da Oi desde 2020, acontece em meio a pressão dos credores, insatisfeitos com o plano de recuperação judicial que previa um desconto de até 80% nas dívidas que estão na casa de R$ 30 bilhões, apurou o NeoFeed.
Tanto que o anúncio de saída de Abreu como CEO da Oi veio acompanhada da informação de que a companhia deve apresentar um novo plano de recuperação judicial aos credores em breve.
No lugar de Abreu, que vai para o conselho de administração, assume Mateus Affonso Bandeira, ex-presidente do Banrisul e da consultoria Falconi. Bandeira também foi candidato a governador pelo Partido Novo no Rio Grande do Sul.
O vencimento do contrato de Abreu foi considerado como o momento ideal para anunciar a troca, passando a ideia de uma mudança suave no comando. Bandeira já atuava na Oi e liderava o Comitê de Gente, Nomeações e Governança.
A decisão da saída de Abreu foi tomada em outubro do ano passado, mas só comunicada ao mercado nesta sexta-feira, 19 de janeiro. Além dos credores, o conselho de administração queria fazer a troca, diante da constatação de que o plano de transformar a Oi em uma empresa "asset light" não estava funcionando.
Uma fonte com quem o NeoFeed conversou diz que Bandeira vai focar muito na parte operacional da Oi que estava meio de lado nos últimos meses, diante dos problemas financeiros da empresa de telefonia. Na próxima semana, mudanças na diretoria devem ser anunciadas.
No comunicado que divulgou ao mercado, a Oi informou que Abreu ainda negociará com os credores e atuará na “conclusão das discussões com Anatel, TCU e AGU, em busca de um acordo visando solucionar as pendências da Concessão do STFC e sua migração para Autorização".
Pessoas próximas a Abreu, no entanto, dizem que não houve pressão dos credores e alegam que ele, como conselheiro, também participará da negociação.
"A parte do insatisfeitos com plano de RJ é sempre o caso em qualquer negociação de credores. A companhia sempre busca condições melhores para si que impactem mais os credores. E os credores sempre buscam condições melhores para si", afirma essa fonte.
Abreu é um executivo experiente no meio de telecomunicações. Ele já foi presidente da TIM no Brasil e da empresa de equipamentos de telecomunicações Cisco. Na Oi, conduziu todo o processo de saída da empresa da primeira recuperação judicial.
Segundo apurou o NeoFeed, Abreu vinha em um processo de desgaste. Para sair da primeira recuperação judicial, com dívidas superiores, a Oi vendeu diversos ativos. Entre as operação de telefonia celular para TIM, Claro e Vivo por mais de R$ 16 bilhões.
Mas, mesmo assim, a empresa continuou sofrendo e entrou em uma segunda recuperação judicial. Outro fator foi o fato de que as negociações para mudança de regime, de concessão, para autorização também não avançaram. Com isso, a credibilidade de Abreu foi sendo pouco a pouco corroída.
Atualmente, os principais credores da Oi são o Itaú, Banco do Brasil e Caixa, que têm um terço aproximadamente da dívida da Oi. Os outros dois terços estão nas mãos de bondholders e agências de fomento a exportação.
A Oi, que já foi a maior empresa de telefonia do Brasil, hoje vale R$ 384 milhões.
(Matéria atualizada às 12h34)