A ação da Prio fechou o primeiro pregão de 2025 em alta de 1,54%, ao contrário do Ibovespa, que encerrou o dia em queda de 0,13%. O que ajudou a impulsionar o papel da companhia de óleo e gás foi o anúncio do início da comercialização direta de gás natural para o mercado.

Em comunicado na quinta-feira, 2 de janeiro, a Prio informou que o produto, que antes era vendido integralmente para a Petrobras, passa a ser oferecido de forma ampla ao mercado.

A decisão de passar a ser comercializadora direta de gás acompanha a estratégia de verticalização da companhia, que inclui as etapas de produção e venda do gás natural aos distribuidores. É a mesma estratégia feita com o petróleo, que passou a ser vendido diretamente em 2023.

“Agora a gente passa a ter a oportunidade de fazer com que o nosso gás chegue ao consumidor final, por meio das distribuidoras. Assim, vamos estar mais próximos dos clientes”, diz Gustavo Hooper, head de trading e shipping da Prio, em entrevista ao NeoFeed.

A produção inicial será de 300 mil m³/dia, mas a perspectiva é de alcançar a marca de 1 milhão de m³/dia ao longo de 2025, a partir do início da produção do campo de Wahoo, em área de pré-sal, no Espírito Santo.

A empresa ainda aguarda, no entanto, o licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para dar início ao processo de perfuração dos poços.

A expectativa é de que a nova unidade de produção comece a operar oito meses após a autorização ambiental. O executivo acredita que a liberação possa ocorrer ainda no primeiro quadrimestre do ano, o que asseguraria o início das atividades ainda em 2025.

Para iniciar a venda de gás natural, a petroleira firmou acordo com a Petrobras para utilizar a infraestrutura da empresa por meio do Sistema Integrado de Escoamento da Bacia de Campos (RJ) e da Unidade de Processamento de Gás Natural de Cabiúnas, em Macaé (RJ).

Mas, a partir de agora, a gigante petrolífera não terá mais a exclusividade do produto da Prio. Segundo o executivo, a produção atual já está comercializada para outras empresas do País. Ele, no entanto, não revela os nomes das companhias. Dessa forma, a Prio pode vender de forma direta para Comgás, Eneva, entre outros players do setor.

Gustavo Hooper PRIO
Gustavo Hooper, head de trading e shipping da Prio

Atualmente, a companhia produz o equivalente a 100 mil barris de petróleo/dia, dos campos de Albacora Leste e Frade, em Macaé, de onde também saem os 4 mil barris equivalentes/dia de gás natural. Com a nova configuração a partir do campo de Wahoo, a produção de petróleo vai alcançar 150 mil barris/dia, e a de gás deve ficar em 10 mil barris equivalentes/dia.

“Por mais que ainda tenha uma participação pequena no nosso portfólio, o gás tem um peso relevante para a indústria, pois a Prio é uma das maiores produtoras do País. Se hoje representa perto de 5% da nossa carteira, deve chegar a algo em torno de 10% com o campo de Wahoo”, afirma Hooper. O gás natural da Prio é o chamado associado, que vem junto com a produção de petróleo.

Do volume total produzido pela empresa, 80% são destinados à produção de gás natural, 15% para gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha) e 5% no formato condensado, usado na produção de gasolina.

Mesmo com o aumento da capacidade de produção, a porcentagem de distribuição, em massa, deve ser mantida. No caso do petróleo, 90% são destinados ao exterior e, no gás natural, 100% da produção é distribuída no Brasil.

Os investimentos da Prio, uma das principais júnior oils brasileiras, para colocar o campo de Wahoo em operação chegam a R$ 4,5 bilhões, com 80% destinado a contratações e desenvolvimento de empresas fornecedoras.

Para otimizar os recursos e garantir mais sinergia da operação, o gás produzido a partir de Wahoo vai passar pela mesma estrutura usada no campo de Frade, e, a partir daí, também entrar na tubulação da Petrobras.

O projeto terá um tieback submarino de 35 quilômetros, o maior da América Latina, entre Wahoo e Frade. O novo campo deve gerar mais de R$ 3 bilhões de royalties para o estado do Espírito Santo e União.

Com valor de mercado de R$ 36,4 bilhões, a ação PRIO3 acumula queda de 10,1% em 12 meses.