O Nubank alcançou receita líquida recorde no terceiro trimestre deste ano. Pela primeira vez, a instituição de pagamento registrou US$ 4,13 bilhões, alta de 41,8% sobre a mesma base do ano anterior (US$ 2,9 bilhões) e 3% acima do consenso do mercado.

O lucro líquido também saltou de forma significativa em relação ao terceiro trimestre de 2024. Entre julho e setembro deste ano, o banco digital registrou US$ 783 milhões, um crescimento de 41,6% sobre os US$ 553 milhões alcançados no ano passado. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado também cresceu. No terceiro trimestre, chegou a 31%, contra 30% do mesmo período de 2024.

“Foi um trimestre muito forte para a gente em todos os indicadores, tanto operacionais quanto financeiros, superando a expectativa do mercado”, diz Guilherme Lago, CFO do Nubank, em entrevista ao NeoFeed.

“O resultado é uma composição do aumento do número de clientes e da monetização vinda deste público. Além disso, nosso custo de aquisição de cliente é o menor entre todas as fintechs do ponto de vista global”, complementa.

No período, a instituição agregou em sua base mais quatro milhões de clientes, alcançando a marca de 127 milhões nos três países em que tem operação (110,1 milhões no Brasil, 13,1 milhões no México e 3,8 milhões na Colômbia). Em 2021, eram 48 milhões de clientes.

O volume, em cada país, corresponde a 61% da população adulta brasileira, 14% entre os mexicanos e 10% na Colômbia.

Para o executivo do Nubank, o desempenho do México foi muito positivo, superando o desempenho da unidade no Brasil, levando em conta a “mesma idade” das operações. Comparando a base mexicana do terceiro trimestre deste ano com a brasileira no terceiro trimestre de 2019, a filial da América do Norte vence em vários critérios.

Naquela época, o Brasil tinha 10% da base da população adulta, quatro pontos percentuais abaixo do índice mexicano atual. Os depósitos mexicanos hoje somam US$ 6,1 bilhões, três vezes acima do que desempenhava o Brasil com a mesma maturidade (US$ 2,1 bilhões).

“O México é a nossa próxima Curva S. Enquanto o Brasil começa a maturar, o México entra em uma fase de inflexão”, afirma o CFO. “De qualquer forma, não é uma comparação 100% justa, porque hoje há uma plataforma mais robusta e uma marca mais forte.”

Lago, no entanto, não crava um prazo em que toda a operação mexicana atingirá um patamar superior à brasileira em termos de resultados financeiros. “A gente não dá previsão de quando a gente vai cruzar a fronteira do lucro líquido no México. Mas nos últimos 12 meses a carteira de crédito subiu 70% e o custo de funding despencou”, afirma.

“Minha menor preocupação é quando a gente vai atingir esse breakeven, desde que continue trazendo para dentro de casa clientes com perfil bom e com performance boa na carteira de crédito”, diz Lago. Esse ponto de equilíbrio foi alcançado no Brasil em setembro de 2022.

A inadimplência ficou estável, com leve alta para as dívidas com mais de 90 dias (saltou de 6,6% no segundo trimestre para os atuais 6,8%). Nos débitos inferiores a esse período, o percentual caiu de 4,4%, no trimestre anterior, para 4,2% no terceiro trimestre.

A pista de Cristina Junqueira

Poucas horas antes da divulgação do balanço, no início da tarde de quinta-feira, 13 de novembro, Cristina Junqueira falou da expansão internacional da instituição financeira, que está presente no México e Colômbia, e que em setembro pediu autorização à Securities Exchange Commission (SEC) para se tornar um banco nos Estados Unidos.

Ela realizou uma palestra no Santos Digital Week, evento de empreendedorismo realizado em Santos (SP), que o NeoFeed acompanhou. Segundo Junqueira, o sucesso do desempenho do Nubank no exterior mostra que a tese da empresa, de que o cliente que está se bancarizando busca escapar de taxas, não é só brasileira. O conceito é global.

“Uma das coisas que a gente tem visto, com a expansão no México e Colômbia, é que a tese que a gente desenvolveu para o Brasil vale para todo lugar. As pessoas querem pagar menos, ser atendidos mais rápido e ter um aplicativo que funciona melhor”, afirma a cofundadora do Nubank.

Dessa forma, Junqueira já deu uma pista na palestra, antes do balanço, de que o México teria uma performance bem significativa e superior ao que representava a operação brasileira no mesmo grau de maturação de cada um.

“O México está crescendo mais rápido do que a gente cresceu no Brasil na mesma idade. E na Colômbia, estamos crescendo mais rápidos do que no México. Toda a vantagem competitiva que a gente desenvolveu de adquirir clientes é transportável para outros países”, afirma.

“Por isso que a gente protocolou nosso pedido de licença bancária nos Estados Unidos, para abrir um Nubank lá. A gente acredita que essa tese cabe lá. Em que país do mundo algum cliente vai querer pagar mais tarifa e demorar muito tempo para ir em uma agência?”, indaga Junqueira.

Segundo a empresária, essa convicção, no entanto, é recente. “Há 18 meses, isso era apenas uma hipótese. A gente estava estudando, entendendo melhor. Aí aprofundamos essa questão.”

A cofundadora também falou sobre a expectativa pelo desempenho do NuCel, a partir da evolução, feita recentemente e de forma discreta, de seus planos de telefonia em sua operadora. “A gente está começando a expansão agora e os clientes estão muito satisfeitos. Todo mundo tem problema com operadora de telefonia”, diz.

“Por enquanto, a gente está usando a mesma infraestrutura de rede do mercado, mas todo o resto, incluindo cobrança e atendimento, é nosso. Foi desenhado do zero. E tinha uma fila de clientes pedindo para resolver esse problema”, conta.

Junqueira contou que o Nubank está na liderança do quesito de instituições financeiras para micro e pequenas empresas e de contas para adolescentes no Brasil.

“Principalidade é o mais importante. A gente não quer só abrir conta e dar cartão. Isso é fácil. O difícil é fazer a pessoa pagar. E o segredo para isso é tratar os clientes como eu gostaria de ser tratado”, completa a cofundadora.

No acumulado de 2025, as ações do Nubank na Bolsa dos Estados Unidos acumulam alta de 50,5%. A companhia está avaliada em US$ 75,1 bilhões.