O nigeriano Damola Adamolekun foi o executivo escolhido pelo fundo Fortress Investment Group para liderar a rede de restaurantes de frutos do mar Red Lobster, que entrou com pedido de recuperação judicial (chapter 11) em maio deste ano e está procurando alternativas para salvar a sua operação nos Estados Unidos.

Com dívida próxima a US$ 1 bilhão e faturamento de US$ 2 bilhões em 44 estados do país, a empresa anunciou ao Wall Street Journal na segunda-feira, 26 de agosto, a contratação do novo CEO, conhecido por seu trabalho em outra rede do setor de fast food, o P.F. Chang’s.

A chegada de Adamolekun, que é filho de uma neurologista e de um farmacêutico e foi criado no Zimbábue, em Amsterdã e no estado americano de Illinois, é a primeira movimentação da gestora de investimentos alternativos com US$ 49 bilhões em ativos sob gestão. A aprovação da aquisição da Red Lobster pelo Fortress deve acontecer em setembro.

Aos 35 anos, Adamolekun afirmou ao WSJ que pretende melhorar a experiência dos clientes da Red Lobster e revitalizar a empresa. “A Red Lobster é uma marca icônica com um futuro tremendo”, disse ele.

O CEO liderou o P.F. Chang’s de 2020 a 2023 e foi membro do conselho da rede de restaurantes alguns anos antes, enquanto era sócio da firma de private equity Paulson & Co, que comprou a rede em 2019 por US$ 700 milhões.

Desafios da Red Lobster

O restaurante de frutos do mar está lutando contra quedas nas vendas, dívidas, trocas de proprietários e estratégias ruins há alguns anos. A rede, que já foi uma das mais inovadoras do setor, também é desafiada diariamente pela inflação, que causou a redução nos gastos de seus clientes. No total, a empresa atende cerca de 64 milhões de pessoas por ano.

Damola Adamolekin RedLobster
Damola Adamolekin, CEO da Red Lobster

No olho do furacão, o antigo CEO da companhia, Jonathan Tibus, teve uma ideia que se tornou o estopim da crise da Red Lobster. Em busca de novos consumidores, ele criou um rodízio de camarão que custava US$ 20 e funcionava todas as segundas-feiras.

Com o passar do tempo, o executivo decidiu aumentar a periodicidade e em pouco tempo registrou uma perda de US$ 12,5 milhões para a rede.

Assim, no início de 2024, o maior acionista e controlador da Red Lobster, o fornecedor de frutos do mar Thai Union Group, decidiu vender sua participação na empresa afirmando que havia perdido muito dinheiro com ela. Pouco tempo depois a companhia entrou com o pedido de recuperação.

Agora, a esperada aquisição pela Fortress parece trazer alguma esperança para a operação. Com experiência em cadeias de restaurantes em falência, a gestora lidera a RL Investor Holdings, que ficará à frente do negócio.

Além dos desafios internos, a nova gestão terá que ultrapassar desafios externos, que envolvem o aumento da concorrência no segmento de restaurantes casuais e fast food nos Estados Unidos. Por lá, veteranas como Chipotle e Chick-Fil-A e novatas de rápido crescimento como Cava e Sweetgreen estão prontas para continuar conquistando o mercado.

No Brasil, a operação também não foi bem sucedida. A marca inaugurou sua primeira unidade no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em 2014. Em pouco tempo, outra loja foi aberta, desta vez na Faria Lima, atual centro financeiro de São Paulo. As duas tentativas duraram pouco.