A Starbucks, maior rede de cafeterias do mundo, está passando por um período difícil. Após duas quedas consecutivas em sua receita trimestral, a companhia anunciou, na terça-feira, 13 de agosto, a chegada de um novo CEO: Brian Niccol, atual presidente da Chipotle Mexican Grill (CMG).
Niccol ocupará o lugar de Laxman Narasimhan, que liderou a Starbucks nos últimos 16 meses. Narasimhan foi o primeiro chefe externo a tocar a “nova versão” da Starbucks e foi o sucessor escolhido a dedo por Howard Schultz, fundador da rede.
Desde que Narasimhan assumiu, as ações da Starbucks caíram cerca de 22%, enquanto o S&P 500 registrou alta de 36%, de acordo com a FactSet.
Nesse período, a Starbucks viu seus negócios desacelerarem e a fiscalização sobre sua liderança aumentar. Um dos fatores chave para a queda foi a diminuição do fluxo de clientes em suas cafeterias, o que afetou as vendas e os lucros, dentro e fora dos Estados Unidos. Na China, um dos mercados mais relevantes da rede, a Starbucks está lidando com uma concorrência cada vez mais acirrada.
Os números não mentem. A empresa reportou queda de 4% nas vendas em lojas comparáveis no segundo trimestre, enquanto os analistas previam crescimento. Na China, as vendas em lojas comparáveis caíram 11%. Além disso, o número total de transações diminuiu 6% e recuou em cada um dos países em que a empresa está presente.
A inflação também pode ter sido um fator relevante para essa mudança no consumo. Em junho, a companhia anunciou um aumento de preços para seus produtos, que espantou até os clientes mais fiéis da rede. Por lá, o básico café com leite, chamado de Latte, passou a custar mais de US$ 6.
As mudanças não agradaram Schultz, que criticou publicamente a maneira como Narasimhan e outros executivos estavam conduzindo a cadeia. Porém, as críticas chegaram a outros acionistas da companhia, que decidiram intervir no dia a dia da rede, o que também não agradou o fundador.
A Elliott Investment Management, uma investidora ativista com participação relevante na Starbucks, vem buscando um assento no conselho da companhia para seu sócio, Jesse Cohn. A gestora Starboard Value também se movimentou, na tentativa de forçar a Starbucks a tomar iniciativas para aumentar o preço de suas ações.
É nesse cenário que o ex-CEO da Chipotle e Taco Bell chega. Com o anúncio, as ações da companhia, que tem valor de mercado de US$ 106,3 bilhões, avançavam 22,4% na manhã de terça, 13. Niccol passará a ocupar aliderança da Starbucks no início de setembro.
Operação no Brasil
A operação do Starbucks no Brasil passa por outro tipo de dificuldade e não estão relacionadas à operação mundial. Em novembro de 2023, a SouthRock, que tocava a operação da rede de cafeterias no País, entrou com um pedido de recuperação judicial com dívidas de quase R$ 2 bilhões.
Desde lá, maior parte das unidades da Starbucks foram fechadas, tornando a operação brasileira quase irrelevante para a gigante norte-americana. As lojas que se mantiveram em pé declaram falta de produtos e insumos para atender os consumidores.
Porém, nos últimos meses, a dona do Burger King no Brasil, a Zamp, mostrou interesse pela operação e foi declarada, no início deste mês, vencedora do processo competitivo para adquirir “determinados bens e direitos” que integram as operações da cafeteria. A compra, que custou R$ 120 milhões à Zamp, já havia sido aprovada pelo Cade.
