O ano de 2022 mal começou e o setor de saúde já dá sinais de que continuará aquecido no campo das aquisições, assim como aconteceu no decorrer de 2021. Em duas semanas, Rede D’Or e Kora Saúde são alguns dos nomes que já foram às compras no mercado.
A Rede Mater Dei é mais uma que parece disposta a seguir nessa toada. A empresa está anunciando a compra de uma participação de 95,5% do Hospital Premium, de Goiânia (GO), em uma transação avaliada em R$ 250 milhões.
O montante será pago em seis parcelas, sendo 40% no fechamento e mais quatro parcelas anuais de 10% cada. No quinto ano após o fechamento da transação, a última parcela envolverá 20% da cifra total, corrigida pelo IPCA e sujeita ao alcance de métricas de desempenho. Com a aquisição, a direção do hospital ficará a cargo de Daniel Coundry, ex-Amil.
“Já havíamos comprado o Hospital Santa Genoveva, em Uberlândia, na entrada do Centro-Oeste, em novembro”, afirma Henrique Salvador, CEO da Rede Mater Dei, ao NeoFeed. “E agora, estamos chegando definitivamente à região, que é um dos nossos focos de expansão, ao lado do Nordeste e do Norte.”
Inaugurado em 2013, no bairro Bueno, área nobre da capital goiana, o Hospital Premium conta com uma capacidade instalada de 156 leitos. A instituição tem 10 salas cirúrgicas e 28 UTIs, com crescimento previsto, nos próximos 12 meses, para 13 salas e 44 UTIs. A transação envolve ainda um terreno de 5 mil metros quadrados, ao lado do hospital.
“Esse terreno vai permitir uma expansão robusta, voltada não apenas ao hospital, mas, talvez, a um sistema de saúde local, com uma rede de ambulatórios”, diz. “Goiânia é uma cidade rica, muito bem posicionada e não tem um hospital geral privado com as características que oferecemos na nossa rede.”
Segundo Salvador, as aquisições seguem no escopo da empresa, mesmo em um cenário no qual o preço dos ativos está inflado, em virtude da intensa disputa entre as grandes redes do setor.
“Os ativos vão acabar caindo em um preço real, mas o mais importante é identificar boas oportunidades”, observa. “Já temos alguns negócios mapeados e memorandos de entendimento assinados e devemos anunciar pelo menos uma aquisição nos próximos 30 a 60 dias.”
Para financiar essa agenda, além da captação de R$ 1,4 bilhão no IPO realizado em abril de 2021, sendo cerca de R$ 1,2 bilhão na oferta primária, a Rede Mater Dei fez ainda uma emissão de debêntures no valor de R$ 700 milhões, em outubro.
“Além desses recursos, somos muito pouco alavancados”, afirma Salvador. “Então, ainda temos muito espaço para expandir dívida e seguir cumprindo essa estratégia.”
Desde a abertura de capital, as ações da Rede Mater Dei acumulam uma desvalorização de mais de 37%. A empresa está avaliada em R$ 3,9 bilhões.