Depois de uma primeira tentativa frustrada, a H.I.G Capital confirmou sua nova proposta de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) da Kora Saúde, com o objetivo de converter o registro de companhia aberta da empresa e retirá-la do Novo Mercado.

A empresa de saúde informou que recebeu do fundo Viso Advantage, que pertence à H.I.G, a versão final do edital para a OPA, com a proposta de pagar R$ 8,80 por ação, segundo fato relevante. A proposta é adquirir todas as ações em circulação e 2,1 milhões de papéis detidos por acionistas fundadores que não integram a administração.

O valor representa um prêmio de 2,3% em relação ao fechamento de ontem, quando as ações da Kora subiram 0,12%, a R$ 8,60. O valor é o mesmo que o fundo apresentou em dezembro, quando retomou a tentativa da OPA. O edital prevê que o leilão da OPA será realizado dia 20 de março, às 15 horas.

A expectativa é de que, desta vez, o leilão seja bem-sucedido, considerando o sinal dado pelos minoritários, antes contrários à operação. Segundo a Kora, acionistas titulares de 54,24% do total de ações em circulação manifestaram seu “compromisso, irrevogável e irretratável, de habilitar e alienar no leilão da oferta a totalidade de sua participação”.

O sucesso da OPA depende da participação dos acionistas donos de dois terços das ações em circulação. Caso a operação seja bem sucedida, a companhia deixará de ter suas ações negociadas na Bolsa, passando a emitir apenas dívida. Quem decidir não vender as ações na OPA permanecerá minoritário, mas terá de negociar suas ações no mercado de balcão.

A proposta de saída da Kora do Novo Mercado é um caso marcado por disputas entre as partes. A proposta foi apresentada pela H.I.G. em maio do ano passado, sob a justificativa que a empresa passa por dificuldades financeiras e a migração ampliaria o leque de alternativas de financiamento, considerando as restrições impostas pelo mais alto nível de listagem da B3.

Um dos incômodos dos minoritários foi o preço máximo apresentado na ocasião, de R$ 0,70 – em setembro, a Kora passou por um agrupamento de ações da ordem de 10 para uma, influenciando na nova proposta. A oferta anterior equivalia a cerca de R$ 7, quando considerado o efeito do grupamento.

Além disso, os minoritários reclamaram que dois médicos fundadores são vinculados aos acionistas controladores e representam boa parte do free float da Kora. Por conta disso, a CVM estipulou, em junho, não poderiam votar na decisão da OPA.

Desta vez, porém, as questões legais parecem ter ficado para trás. Na segunda-feira, 17 de fevereiro, a Kora informou que a CVM deferiu o registro da oferta.

Quando deu início às discussões sobre a OPA, a H.I.G. apontou que a Kora, assim como outros nomes dos setor de saúde, passa por dificuldades por conta da crise que acomete o setor de saúde, agravada após a pandemia.

A alta dos juros também foi citada, considerando o nível de alavancagem da companhia – em relatório publicado em novembro, a Moody’s escreveu que nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2024, a alavancagem bruta ajustada (dívida bruta / EBITDA) e a cobertura de juros ajustada (EBIT / despesa financeira) ficaram em 6,6 vezes e 0,8 vez, respectivamente.

“Para os próximos 12 e1 8 meses, projetamos que o processo de melhora deverá continuar em ritmo lento e gradual, de modo que a alavancagem bruta ajustada permanecerá entre 5,0 vezes e 6,0 vezes, como resultado de nossas estimativas de um crescimento de receita moderado, manutenção dos níveis de margem Ebitda ajustada em torno de 22% e de dívida bruta ajustada em torno de R$ 3 bilhões”, diz trecho do relatório.

Em 12 meses, as ações da Kora acumulam queda de 5,49%, levando o valor de mercado da empresa é R$ 665 milhões.