A farmacêutica suíça Roche está acelerando o desenvolvimento de medicamentos voltados ao tratamento da obesidade na tentativa de disputar espaço no segmento, que vive um boom no rastro do sucesso do Ozempic, da dinamarquesa Novo Nordisk, e já atraiu outras gigantes, como a americana Eli Lilly.

CEO da Roche, Thomas Schinecker afirmou ao jornal britânico Financial Times que os primeiros medicamentos para obesidade da empresa chegarão ao mercado “ antes do que as pessoas esperam, potencialmente até 2028”.

Como parte dessa agenda, a Roche anunciou no início deste mês que o seu segundo candidato na categoria, uma pílula diária, apresentou resultados positivos em um ensaio inicial. O medicamento foi incorporado ao portfólio da farmacêutica com a compra da Carmot Therapeutics, no início de 2024.

O mercado de emagrecimento, que prevê faturar US$ 150 bilhões até o início de 2030, está cada vez mais disputado, já que todos os grandes players querem uma “mordida” dessas vendas.

No início de julho, a Pfizer também informou que deu início a estudos para avaliar a dose perfeita da pílula para perda de peso no segundo semestre deste ano. Ela é baseada no composto danuglipron — um peptídeo semelhante ao glucagon, ou GLP-1, que se parece com o composto utilizado pelos concorrentes.

Já a farmacêutica suíça AstraZeneca, que ganhou força durante a pandemia do Covid-19 na fabricação de vacinas, afirmou estar adotando uma nova abordagem no tratamento da obesidade, buscando se diferenciar dos concorrentes. O foco da companhia é a combinação de medicamentos, unindo diversos tratamentos em apenas um comprimido.

Investimentos no setor

Apesar de já estarem à frente no mercado em questão de vendas, a Novo Nordisk e a Eli Lilly continuam investindo para crescer além dos remédios de emagrecimento.

No último mês, a Novo Nordisk divulgou um aporte de US$ 4,1 bilhões para aumentar sua capacidade de produção nos Estados Unidos na área de tratamentos injetáveis para obesidade e outras doenças crônicas graves.

Com o anúncio, o grupo elevou o investimento total destinado à produção em 2024 para US$ 6,8 bilhões, o que representa um crescimento de 74,3% sobre os US$ 3,9 bilhões destinados a essa frente no ano passado.

No fim de maio, a Eli Lilly também divulgou um investimento de US$ 5,3 bilhões em sua fábrica no estado de Indiana para expandir a produção de medicamentos como Zepbound, para perda de peso, e Mounjaro.

As ações da Roche estavam sendo negociadas com ligeira queda de 0,73% por volta das 16h40 desta segunda-feira, na bolsa de Zurique. No ano, os papéis acumulam alta de 16,1% e o grupo está avaliado em 228,8 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 258 bilhões).