O sucesso do Ozempic tem trazido cada vez mais empresas para o mercado de tratamentos para emagrecimento. Depois da americana Eli Lilly, que vai investir US$ 2,5 bilhões em uma nova fábrica na Alemanha, uma nova farmacêutica quer fazer frente ao antidiabético da Novo Nordisk. E a concorrente vem do "quintal de casa"

A companhia de biotecnologia dinamarquesa Zealand Pharma anunciou na segunda-feira, 26 de fevereiro, que obteve bons resultados na segunda fase de testes de um medicamento desenvolvido em parceria com a farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim para tratamento de doenças hepáticas.

Segundo o comunicado da Zealand Pharma, os testes de fase 2 (quando um medicamento é submetido a um pequeno grupo de voluntários) mostraram que 83% das pessoas tiveram resultados positivos no tratamento ao excesso de gordura acumulado no fígado, quando o órgão começa a apresentar inflamação, fase conhecida como MASH.

A companhia informou que a droga também teve “eficácia demonstrada” em pessoas com obesidade e que será submetida a testes para o tratamento de sobrepeso.

A possibilidade de resultados positivos na frente de emagrecimento puxou para cima as ações da Zealand Pharma. Os papéis fecharam o pregão com alta de 36,4% na Bolsa de Copenhagen, a 648,50 coroas dinamarquesas (cerca de R$ 470), no dia do anúncio. Com isso, o valor de mercado da companhia soma 40,3 bilhões de coroas dinamarquesas (pouco mais de R$ 29 bilhões).

Se os testes corroborarem a eficácia do tratamento, a Zealand Pharma e a Boehringer Ingelheim serão os mais novos integrantes do altamente lucrativo mercado de tratamento à obesidade, que tornou a Novo Nordisk a empresa mais valiosa da Europa, com market cap de US$ 554 bilhões.

O sucesso do Ozempic foi tamanho que teve impacto significativo no PIB da Dinamarca. Nos primeiros seis meses de 2023, a economia do país registrou alta de 1,7%, graças ao medicamento. Não fossem os resultados da Novo Nordisk, o PIB teria caído 0,3%.

Segundo um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentado em 2022, mais de 1 bilhão de pessoas são obesas e, até 2025, quase 167 milhões ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas.

Nas contas do Morgan Stanley, até 2025, somente nos Estados Unidos, cerca de 24 milhões de pessoas estarão sob tratamento com medicamentos como Ozempic ou outro de ação similar. Trata-se de 7% da população do país.

De olho neste mercado, mais companhias estão desenvolvendo seus próprios remédios para emagrecimento. Além da Eli Lilly, nomes com Roche e AstraZeneca também investem em pesquisas.