Em 2017, o magnata da mídia Rupert Murdoch, de 91 anos, surpreendeu o mercado ao fechar um acordo com a Disney para vender sua divisão de entretenimento, que inclui estúdios de cinema e televisão, por cerca de US$ 71,3 bilhões.

Mas antes disso, em 2013, ele já tinha feito uma grande reestruturação em seu império, envolvendo a parte de jornalismo. Na ocasião, ele aprovou a separação das companhias de notícias impressas em uma nova empresa, a News Corp. Os canais de televisão e a operação a cabo ficaram na 21st Century Fox, junto com a parte de entretenimento, cujo destino seria traçado mais para frente. 

Agora, Murdoch tem planos de reunir os ativos de jornalismo sob o mesmo teto, avaliando a recombinação da News Corp. com a Fox Corp., a empresa que se formou após o acordo com a Disney. 

Segundo fontes ouvidas pelo jornal The Wall Street Journal, as duas empresas estabeleceram comissões especiais para estudar a proposta e avaliar os potenciais termos financeiros. Algumas das fontes afirmam que a operação deve envolver uma troca de ações. A Fox Corp. tem valor de mercado de US$ 17 bilhões, enquanto a News Corp. é avaliada em US$ 9 bilhões.

Murdoch, que montou um império de mídia ao longo de décadas, levando-o a formar um patrimônio de US$ 16,9 bilhões segundo a revista Forbes, é copresidente do conselho de administração da News Corp. e da Fox Corp. Seu filho, Lachlan Murdoch, divide o comando do conselho da News Corp. com o pai e é CEO da Fox Corp. 

A família detém cerca de 39% do capital votante da News Corp. e 42% da Fox Corp. por meio de um trust. A expectativa é de que a participação do trust na companhia combinada permaneça em um patamar semelhante ao atual, de acordo com as fontes. 

O The Wall Street Journal faz parte da News Corp., assim como a editora de livro HarperCollins Publishers e dezenas de publicações no Reino Unido e na Austrália. A Fox Corp. é dona do canal de notícias Fox News, diversas emissoras nos Estados Unidos e do serviço de streaming Tubi. 

Não está claro os motivos que levaram Murdoch a querer reunir novamente as empresas. Quando a separação foi aprovada, ele disse que a medida “permitiria responder com mais rapidez em um mercado que evolui muito rapidamente”.

Os investidores reagiram positivamente na ocasião, ao avaliar que a mídia impressa pesava sobre o bom desempenho do jornalismo televisivo e os ativos de entretenimento. 

Fontes ouvidas pelo Financial Times (FT), que também reportou a respeito das intenções de Murdoch, disseram que ele quer obter escala com a operação, considerando a transformação que a internet provocou no mercado de mídia na última década e a chegada de novos nomes, como Amazon, Netflix, Apple e Google. 

Até o ano passado, segundo o FT, havia obstáculos legais para Murdoch reconfigurar seu império, como parte do acordo com a Disney, mas esses pontos venceram em março de 2021.