Quando rebaixaram a recomendação para as ações da B3 em abril deste ano, os analistas do Santander destacaram que a operadora da bolsa de valores brasileira deveria enfrentar uma queda no volume diário de operações, com muitos investidores migrando para a renda fixa diante da alta dos juros. 

Passados seis meses, os riscos vislumbrados não se concretizaram na magnitude projetada. E diante da expectativa de um ambiente político melhor, os analistas revisaram suas projeções para a B3, demonstrando otimismo com a tese de investimento para 2023. 

Em relatório divulgado nesta sexta-feira, dia 14 de outubro, os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios, do Santander, voltaram a recomendar a compra das ações da B3. O preço-alvo passou de R$ 13,00 para R$ 18,00, um potencial de alta de 35% ante o atual patamar em que os papéis estão cotados. 

“Até o momento, os volumes de negociações de outubro parecem estar se recuperando em ritmo acelerado, e o mercado de ações brasileiro demonstra estar chamando a atenção os investidores internacionais, com o EWZ, ETF atrelado à bolsa brasileira, superando o S&P 500 por 9,5 pontos percentuais nos últimos 30 dias”, diz trecho do relatório. 

O ciclo de alta dos juros do Banco Central (BC), iniciado em março de 2021, combinado por movimento semelhante pelo Federal Reserve, nos Estados Unidos, motivou uma debandada de investidores da Bolsa. Dados da B3 mostram uma queda de 17% no volume diário do mercado de ações no terceiro trimestre, comparando com o mesmo período de 2021. 

Para o Santander, a perspectiva de um ambiente político mais favorável em 2023, capaz de impedir algum tipo de guinada radical nas políticas econômicas, deve permitir uma volta mais tranquila para a renda variável, beneficiando a B3. 

Os analistas esperam que o volume médio diário negociado na Bolsa feche 2022 em R$ 30 bilhões, subindo a R$ 33 bilhões em 2023. De acordo com eles, cada variação de R$ 5 bilhões provoca um impacto de R$ 2,00 no preço-alvo. 

“A velocidade do giro do mercado ficou 160% acima [da média] nos últimos 12 meses, e combinado com o aumento dos preços das ações, com o time de estratégia do Santander projetando o Ibovespa em 140 mil pontos ao final de 2023, o volume médio diário negociado pode embarcar num rally ao longo do ano”, diz trecho do relatório. 

Outro ponto que parece estar bem resolvido para os analistas do Santander é o potencial risco competitivo que a B3 enfrenta. Em junho, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou as resoluções 133, 134 e 135, que alteram parte da regulamentação dos mercados de valores mobiliários.

Para a B3, o principal risco está na possibilidade da realização de block trades em mercado de balcão (OTC). Isso abre brecha para que parte do volume negociado no ambiente da Bolsa seja capturado por outras instituições.

Ainda que um risco, os analistas do Santander destacam que se trata de um fator que ainda não se materializou, não sendo motivo de preocupação neste momento. Além disso, eles consideraram que as mudanças não devem pesar sobre as atividades da B3. 

Com este ambiente favorável, os analistas revisaram para cima suas projeções para os resultados da B3 em 2022. A expectativa é de um lucro líquido de R$ 4,2 bilhões, um aumento de 2% em relação às estimativas anteriores. 

A receita operacional líquida foi elevada em 12%, para R$ 9,2 bilhões, e o Ebitda subiu de R$ 6 bilhões para R$ 6,8 bilhões. A margem Ebitda deve fechar em 74%, contra os 73% estimados anteriormente.

Por volta das 12h25, as ações da B3 subiam 1,58%, a R$ 14,12. No ano, elas acumulam alta de 30,4%, levando o valor de mercado da empresa para R$ 82,5 bilhões.