Duas semanas depois de concluir a transação para ser o distribuidor exclusivo da Nike no País, o grupo brasileiro SBF, controlador da Centauro, dá mais um passo para ampliar seus tentáculos com a entrada em um novo espaço: o segmento de conteúdo e entretenimento esportivo.
A empresa anunciou na manhã desta segunda-feira a aquisição do Grupo NWB, detentor dos canais Desimpedidos, Acelerados, Fatality e Falcão 12, além de 80 afiliados. Na transação, que ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o SBF desembolsou R$ 60 milhões, sendo 80% em dinheiro e 20% do montante diferido em 5 anos.
“Esse movimento concretiza muito do nosso discurso dos últimos anos, de construir um ecossistema de esportes”, afirmou Pedro Zemel, diretor-presidente do grupo SBF, em conferência sobre a aquisição. “O Grupo NWB é uma máquina de aquisição de audiência e, com ele, passamos a contar com capacidades para engajar ainda mais esse público e estreitar a relação com nossa base de clientes.”
Segundo o executivo, com a aprovação pelo Cade, o plano é que o Grupo NWB seja incorporado como uma unidade de negócios, que seguirá com operação independente.
A ideia, porém, é extrair sinergias por meio da relação com os outros ativos do SBF, a Centauro, rede de varejo, e a Fisia, divisão criada a partir da conclusão do acordo com a Nike.
“O NWB permite que a gente engaje a audiência de todos os nossos ativos”, observou Zemel. “E traz também a possibilidade de conectar com a audiência do esporte em outros momentos, que não o de compra.”
Alguns números sustentam a aquisição. Por meio dessa rede, o Grupo NWB tem mais de 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos no Youtube, canal no qual acumula mais de 10 bilhões de visualizações desde a fundação da empresa, em 2013. Em média, a companhia lança 150 vídeos inéditos por semana, que somam mais de 1,9 bilhão de visualizações por ano.
A SBF não é a única varejista do País a ingressar na área de conteúdo. No início de agosto, o Magazine Luiza anunciou a aquisição do Canaltech, site de conteúdo de tecnologia, juntamente com a compra da plataforma de mídia In Loco.
Um dos gatilhos por trás dessa corrida é o live commerce, formato de transmissão ao vivo que mescla dados de produtos com vendas e que começou a ganhar força durante a pandemia, especialmente na China. Segundo estimativas da consultoria iMedia, o modelo deve movimentar US$ 129 bilhões globalmente já em 2020.
Além do atalho para turbinar esse formato, Zemel apontou outros benefícios potenciais do acordo. Entre eles, a possibilidade de conectar diretamente as marcas esportivas fornecedoras do grupo com essa audiência e a ampliação dos dados coletados para entender melhor os hábitos e preferências desse público.
Ao mesmo tempo, a aquisição abre uma porta para que o Grupo SBF alcance mercados com os quais ainda não dialoga, como o segmento de e-sports. “Talvez, o varejo não seja o canal principal de conexão com esse mercado, mas sim, essa relação com a audiência.”
O executivo acrescentou que, sob o objetivo de seguir construindo esse ecossistema, o Grupo SBF não descarta novas aquisições. Além dessa estratégia, ele destacou outras duas frentes para consolidar esse plano.
“Estamos fomentando e contratando pessoas super qualificadas para serem intraempreendedores, com uma série de projetos de crescimento orgânico”, afirmou. “E temos um time pensando em parcerias. Queremos ser um ecossistema aberto.”
O anúncio, a princípio, foi bem recebido pelo mercado. Por volta do meio-dia, os papéis do grupo estavam sendo negociados com alta de 1,37%. No ano, as ações da companhia, avaliada em R$ 6,7 bilhões, acumulam queda superior a 19%.
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