O segundo semestre foi marcado por um longo, desgastante, mas bem-sucedido processo de reestruturação da dívida da Sequoia. A empresa de logística, que entrou na segunda metade do ano com uma alavancagem de 7,6 vezes, começa 2024 com uma alavancagem próxima de uma vez a sua geração de caixa.

Na quinta-feira, 28 de dezembro, foi encerrada a última etapa dessa fase de renegociação do endividamento. A Sequoia conseguiu realizar a conversão de R$ 311 milhões da sua dívida bancária, um montante próximo a 80% dos R$ 400 milhões devido aos bancos.

O Banco do Brasil, que não aceitou os termos propostos, terá as mesmas condições que os debenturistas que não converteram os títulos: carência de 3 anos e pagamento do principal só a partir do 6º ano.

Com isso, o endividamento bruto da Sequoia fica em R$ 160 milhões - abaixo da expectativa de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões quando as negociações começaram. A empresa chegou a ter uma dívida superior a R$ 700 milhões.

Em outubro, conforme o NeoFeed adiantou, o Santander e o Banco ABC sinalizaram que aceitariam aprovar uma reestruturação semelhante a que foi feita com os debenturistas, ou seja, a conversão de parte da dívida bancária em ações e o alongamento do prazo para até sete anos do restante do endividamento.

A sinalização dos bancos líderes e maiores credores (cerca de 60% da dívida) da Sequoia foi a carta de confiança para a Jive Investments, a gestora de ativos alternativos especializada em distressed assets, aportar R$ 80 milhões na companhia na emissão da nova debênture.

Naquele momento, a reengenharia financeira da Sequoia indicava a liquidação de antigas debêntures séries A e B. Na primeira série houve uma uma troca entre títulos antigos por novos, que atingiu R$ 241,5 milhões de um total de R$ 300 milhões.

Na segunda série, além da Jive, Armando Marchesan Neto, CEO, e Eric Fonseca, da Newfoundland Capital Management, que eram acionistas de referência, colocaram R$ 20 milhões, o que fez a empresa de logística colocar um total de R$ 100 milhões de dinheiro novo no caixa.

“É preciso tirar o chapéu para o Armando, pela frieza na condução desse processo todo, e para a Jive, que teve coragem e visão naquele momento para investir. O ano de 2024 é de retomada para a Sequoia”, diz ao NeoFeed Eric Fonseca, eleito presidente do conselho de administração.

Na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada no fim da manhã de quinta, 28, o conselho de administração foi reformulado. Além da eleição de Fonseca, Marcelo Martins, sócio e fundador da Jive, e Marcelo Torresi, que também está no board do Banco Pan, assumem as cadeiras de conselheiros.

Foram mantidos no conselho o CEO Marchesan e Sergio Saraiva, um executivo com experiência em consolidação, integração e reestruturação de negócios, que foi CEO da Rappi e liderou a operação da Anheuser-Busch na China.

“Ao olhar para 2023 vamos ver que a companhia passou por um bom aprendizado, mas ela renasce em 2024 com seus mais importantes ativos preservados, muito mais forte e eficiente”, diz Fonseca.

Com valor de mercado de R$ 85 milhões na bolsa de valores, a ação da empresa de logística acumula 87% de queda em 2023.