Sergey Brin está cumprindo uma jornada regular de trabalho, em horário comercial, no Google. O multibilionário, que fundou a companhia ao lado de Larry Page ainda em 1998, tem passado até quatro dias por semana nos escritórios do Google em Mountain View, na Califórnia.

Desde o ano passado, Brin tem participado de reuniões sobre projetos ligados à inteligência artificial. Nos últimos meses, contudo, a presença do fundador no dia a dia da empresa tem aumentado - ele não ocupa um cargo executivo desde 2019.

Brin tem trabalhado, principalmente, na Deep Mind, subsidiária do Google que toca projetos de inteligência artificial. Um deles é o Gemini AI, um modelo de linguagem amplo utilizado para auxiliar desenvolvedores na criação de novos produtos e serviços.

De acordo com o The Wall Street Journal, Brin tem convocado reuniões constantes e participado inclusive de processos de seleção de novos profissionais para a área.

A volta de Brin ao batente mostra uma preocupação do Google em relação aos seus esforços na corrida pela inteligência artificial. A companhia foi pressionada pela Microsoft, que fez um investimento multibilionário na OpenAI para garantir o ChatGPT em seus softwares. A Meta, de Mark Zuckerberg, também começou a se expandir nesta direção.

O interesse do cofundador do Google nesta tecnologia é antigo. Em 2018, ele escreveu uma carta aos acionistas da empresa promovendo as possibilidades que a inteligência artificial poderia trazer para o negócio. “O poder e o potencial da computação para lidar com problemas importantes nunca foram tão grandes.”

Segundo dados da S&P Capital IQ, Brin é o segundo maior acionista individual da Alphabet com uma participação avaliada em US$ 90 bilhões. Ele fica atrás somente de seu sócio Larry Page, que detém cerca de US$ 92 bilhões em ações da gigante avaliada em US$ 1,52 trilhão.

Em relação ao valor de mercado da Alphabet, inclusive, houve um aumento nos últimos meses por conta do envolvimento da companhia em projetos de inteligência artificial. Desde o começo do ano, as ações da empresa já subiram mais de 34%.

A volta de Brin ocorre de forma discreta, por enquanto. O executivo ainda não ocupa um cargo oficial dentro da empresa e é improvável que uma nomeação ocorra tão breve. É menos provável ainda que o fundador volte ao cargo de presidente, ao qual renunciou e é ocupado por Sundar Pichai.

Ainda assim, Brin reforça uma onda de fundadores voltado ao dia a dia das empresas. Bob Iger, na Disney, foi alçado novamente ao cargo de CEO para ajudar a recuperar a companhia após a saída de Bob Chapek. No começo deste ano, rumores apontavam que Jeff Bezos poderia voltar a comandar a Amazon. Isso não aconteceu (por ora).