A Shein está mais próxima de abrir capital nos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, 12 de janeiro, a varejista chinesa obteve aprovação de órgãos reguladores da China para prosseguir com sua proposta de IPO em bolsas de valores americanas, conforme reportado pela agência Reuters.

A aprovação dos reguladores chineses era um passo importante para a companhia, uma vez que as relações entre Estados Unidos e China estão estremecidas e muitas companhias asiáticas enfrentam dificuldades para seguirem operando no mercado americano.

O pedido de IPO da Shein foi registrado nos Estados Unidos em junho do ano passado. Avaliada em US$ 66 bilhões, a companhia chinesa mira uma avaliação pública acima de US$ 90 bilhões. Ainda não se sabe quanto a empresa pretende levantar com a oferta de ações.

Apesar da primeira barreira ter sido superada, a Shein ainda tem um longo caminho pela frente. Para abrir capital na Nasdaq ou na Nyse, que disputam uma corrida pelos IPOs em 2024, a companhia agora precisa convencer os órgãos reguladores dos Estados Unidos.

Como parte desse esforço, a empresa vem tentando se afastar de acusações de irregularidades em sua operação. As principais acusações são de trabalho forçado em sua linha de produção e uso indevido de propriedade intelectual de designers independentes.

A Shein também enfrenta problemas em relação à matéria-prima de suas roupas. Uma investigação nos Estados Unidos apontou que o algodão utilizado nas peças vinha da região de Xinjiang, na China, onde existem evidências de tortura e de trabalho forçado.

O presidente americano Joe Biden já havia proibido a importação de algodão do local, com base nessas questões e na alegação de que a China promove um genocídio étnico contra as minorias mulçumanas na região. Contudo, especialistas apontam que o material continua atravessando as fronteiras americanas.

O crescimento da Shein nos Estados Unidos também preocupa os reguladores locais na competição no varejo de moda. Até a Amazon está sofrendo com a concorrente chinesa e já anunciou uma redução nas taxas cobradas dos sellers em sua plataforma.

No Brasil, o governo local deu uma resposta a Shein após Geraldo Alckmin afirmar, no fim de novembro, que estuda um imposto para compras internacionais de até US$ 50. A declaração gerou um impacto imediato nas ações de Guararapes (controladora da Riachuelo), Marisa, Lojas Renner e C&A.

A Shein não revela muitos dados de sua operação. No ano passado, a companhia informou ao mercado que poderia comercializar mais de R$ 1 bilhão em mercadorias no mercado brasileiro até o fim de 2023 e contabilizando apenas seu marketplace. Na época, a plataforma de vendas lançada três meses antes já contava com 6 mil sellers e um volume total de vendas próximo de R$ 500 milhões.