A Shoulder, marca de vestuário feminino com 40 anos de atuação no mercado brasileiro, anunciou na manhã de segunda-feira, 30 de setembro, que comprou 40% da Haight Clothing, empresa carioca de moda feminina, com dez anos de vida.
Com o negócio, a Shoulder entra em moda praia e tem a opção de comprar 100% da Haight nos próximos 18 meses. Ao fim desse período, os fundadores da Haight recebem um assento no conselho da empresa e uma quantidade - não divulgada - em ações da companhia.
“Conversamos por quase três anos para concluir o negócio e isso permitiu com que a gente construísse essa associação de forma muito cuidadosa, para que os dois lados se beneficiassem do negócio”, afirma Beny Majtlis, CEO da Shoulder, ao NeoFeed.
Essa é a segunda aquisição da Shoulder, que registrou uma receita bruta de R$ 800 milhões em 2023 e está caminhando para se tornar uma casa de marcas. A primeira ocorreu em 2022, quando a Oriba, loja de vestuário masculino foi comprada por R$ 18 milhões na época, sem incluir a troca de ações acordada no negócio.
“No fim da pandemia, observamos que o mercado estava se consolidando, uma empresa comprando a outra, e não quisemos participar desse movimento", afirma Majtlis. "Porém, sabíamos que era preciso continuar crescendo para estar nesse mercado competitivo e foi nisso que focamos desde lá, quando começamos a criar o nosso próprio grupo.”
Segundo o empresário, a ideia nunca foi criar marcas novas dentro de casa e sim buscar por nomes menores no mercado que agregassem valor ao portfólio. O plano é manter a gestão da empresa adquirida e não apenas “preencher vazios” dentro da estrutura da Shoulder.
“Com esse modelo, podemos investir no negócio e não apenas buscar por sinergias, que é o que tem sido feito no mercado. Além disso, estamos à procura de originalidade e autenticidade e isso não se produz dentro de uma sala de reunião apenas com os executivos da Shoulder”, diz Majtlis.
É nesse cenário que a Haight se encaixa. Fundada por Marcella Franklin e Philippe Perdigão, a marca nasceu para ocupar um lugar mais sóbrio e chique na moda praia, segmento que não recebia muito foco em 2014. Porém, desde lá, a empresa evoluiu e hoje também investe em moda feminina.
Comercializada em sete pontos físicos distribuídos pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, a Haight se internacionalizou muito cedo e hoje tem peças à venda em lojas de departamento em Londres e nos Estados Unidos. Em 2023, a marca atingiu um faturamento de R$ 30 milhões.
“Entendemos que a Haight tem potencial para ser um negócio muito grande e a entrada da Shoulder vai nos ajudar a ter um repertório de possibilidades que não conseguimos atingir sozinhos”, afirma Perdigão, cofundador da Haight. “A Shoulder tem uma estrutura muito poderosa de operação, gestão e agora teremos a possibilidade de tirar projetos do papel que antes eram impossíveis, o que nos anima muito”.
Para Marcella Franklin, cofundadora e diretora criativa da Haight, as possibilidades de crescimento são enormes e vão desde novas linhas de produtos até a expansão de lojas, dentro e fora do Brasil. “Ter a experiência da Shoulder vai ser muito importante para o nosso crescimento e acredito que o nosso olhar novo também vai trazer muitos benefícios para a companhia, o que torna uma troca muito interessante”, afirma.
No novo momento, os fundadores esperam expandir sua operação para mais capitais do país e contam com a assistência da nova parceria nesse processo. Atualmente, a Shoulder tem 80 lojas próprias presentes em cerca de 50 cidades e mais de mil pontos de vendas multimarca.
Com a nova empresa no portfólio, o CEO da Shoulder afirmou que não pretende parar de sondar o mercado sobre novas parcerias que façam sentido para a marca.