Desde o início de 2023, o burburinho em torno do ChatGPT evoluiu para uma intensa movimentação entre as big techs. Do investimento da Microsoft na OpenAI, dona da plataforma de inteligência artificial generativa em questão, ao lançamento de ferramentas sob esse conceito por parte de players como Google e Amazon.
Tudo indica, porém, que um grande nome do setor está atrasado nessa corrida: a Apple. À parte do discurso recente adotado pelo CEO Tim Cook de que a companhia investe há anos nessa frente, até o momento, a empresa da maçã não apresentou grandes avanços publicamente.
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Agora, no entanto, a Apple parece disposta a não economizar para recuperar o tempo perdido. Segundo a agência Bloomberg, a empresa está a caminho de investir US$ 1 bilhão por ano para incorporar recursos de IA generativa em todos os seus produtos.
De acordo com a agência, a Apple foi pega de surpresa com a onda de IA. E apertar o passo nessa direção é, no momento, um dos seus principais esforços. “Há muita ansiedade e isso é considerado uma grande falha internamente”, afirmou uma das fontes próximas à empresa ouvidas pela Bloomberg.
Dentro desse contexto, a companhia teria desenvolvido seu próprio modelo de linguagem, batizado de Ajax, e teria lançado, internamente, uma ferramenta sob o nome de “Apple GPT”, com o objetivo de testar esses recursos.
A próxima etapa dessa jornada seria avaliar se a plataforma está à altura do que é ofertado pelos concorrentes. E, em caso afirmativo, entender se essas funcionalidades serão realmente aplicadas nos produtos e serviços da empresa.
Os esforços dessa área estão sendo liderados pelo trio formado por John Giannandrea, vice-presidente sênior de machine learning e estratégia de IA; Craig Federighi, vice-presidente sênior de engenharia de software; e Eddy Cue, head de serviços.
No caso de Giannandrea, uma das prioridades, além do desenvolvimento da nova plataforma, seria incorporar esses recursos à Siri, a assistente pessoal da Apple. Nesse último exemplo, a expectativa é de que uma nova versão esteja pronta em 2024.
O time liderado por Federighi, por sua vez, está centrado em projetos como o acréscimo de camadas de inteligência artificial à próxima versão do iOS, o sistema operacional móvel da companhia. Entre outras questões, isso envolveria melhoras na Siri e no aplicativo Messages.
Já a equipe sob a alçada de Cue tem como principal atribuição a incorporação de recursos desse porte no maior número possível de produtos e serviços da empresa. Entre eles, o Apple Music e aplicativos mais voltados à produtividade, como o Pages e o Keynote.
Em uma quarta camada no centro dessa estratégia, a Apple também está testando a IA generativa para aplicações internas, em áreas como atendimento ao cliente, dentro do grupo denominado como AppleCare.
Enquanto a Apple se movimenta nos bastidores, seus rivais já têm ofertas à disposição. Na Microsoft, além de um aporte de US$ 10 bilhões na OpenAI, esse trabalho envolveu a adição de recursos do ChatGPT ao Bing, seu mecanismo de busca, ao navegador Edge e a softwares do pacote Office, como Word e PowerPoint.
“Essa tecnologia vai remodelar praticamente todas as categorias de softwares”, afirmou Satya Nadella, CEO da Microsoft, em evento no qual boa parte dessas novidades foi apresentada, realizado em fevereiro desse ano, na sede da companhia, em Redmond.
No mesmo mês, o Google lançou um rival para o ChatGPT. Batizada de Bard, a plataforma em questão foi anunciada por Sundar Pichai, CEO da empresa, como um “serviço experimental de conversação que utiliza inteligência artificial”.
Assim como a Microsoft, a estratégia do Google nessa área não se restringiu a desenvolvimentos internos. Também em fevereiro, a gigante de Mountain View anunciou um aporte de US$ 300 milhões na Anthropic, startup americana que desenvolveu uma plataforma de IA, chamada de Claude.
Mais recentemente, em setembro, em um segundo pelotão nessa corrida das big techs, a Amazon lançou uma atualização da Alexa, seu assistente pessoal, embarcando novos recursos de inteligência artificial.
Antes, em julho, a companhia já havia escalado seu CEO, Andy Jassy, para supervisionar diretamente alguns dos esforços de inteligência artificial que estavam sendo desenvolvidos pela empresa. A medida estaria ligada diretamente à percepção de que a companhia estaria atrasada nessa seara.
Entre outras ações para reduzir essa lacuna em relação à concorrência, uma das primeiras decisões de Jassy foi promover Rohit Prasad, vice-presidente sênior e cientista-chefe da Alexa, como seu subordinado direto na equipe “S”, como foi batizado o time dedicado aos projetos de IA na Amazon.