O Grupo Softplan, empresa de plataformas de gestão no modelo SaaS, voltou ao mercado e fechou a sua 12ª aquisição em quase 35 anos de história. Desta vez para a vertical de eficiência operacional, que oferece softwares de produtividade para as companhias.
A empresa anunciou na quarta-feira, 3 de dezembro, a compra da Runrun.it, plataforma brasileira de automação de processos e tarefas para equipes. Os termos financeiros da transação não foram divulgados.
Com planos de gastar R$ 500 milhões em M&As nos próximos anos, a companhia catarinense deve se manter ativa no ano que vem, apostando na combinação de movimentos inorgânicos e crescimento orgânico para chegar à marca de R$ 1 bilhão em faturamento.
“Seguramente a gente passa de R$ 1 bilhão de receita no ano que vem”, diz Eduardo Smith, CEO da Softplan, ao NeoFeed. “Nos últimos anos, o crescimento da receita vem na faixa dos 27%, sendo que apenas organicamente nós crescemos perto de 20% ao ano, então somente com o crescimento orgânico nós nos aproximamos da casa do bilhão.”
A marca histórica, se alcançada, representaria um avanço de 24,5% em relação à receita projetada para este ano, de R$ 803 milhões. E ela, por sua vez, pressupõe um aumento de cerca de 22,5% ante o ano anterior, quando a companhia registrou uma receita de R$ 653 milhões.
Esse forte ritmo é oriundo da estratégia que teve início a partir de 2020. Ela envolve ir ao mercado em busca de ativos, consolidá-los em verticais e crescer essas áreas de negócios através de vendas cruzadas de produtos.
E isso deve ocorrer com a Runrun.it. Lançada em 2013, a empresa desenvolve softwares de gestão de fluxos de trabalho para empresas. Atualmente possui mais de 1,2 mil clientes, entre eles Cacau Show, Bradesco, DHL
Segundo Smith, a aquisição da Runrun.it começou a ser analisada na metade do ano, a partir de uma análise de que a atividade da empresa reforça as operações do principal ativo da vertical de eficiência operacional, a Checklist Fácil, software de auditoria e padronização de processos para diversas operações, áreas e segmentos, utilizada por mais de 1 mil clientes.
“A Runrun.it se encaixa super bem na Checklist e acreditamos que uma boa parte dos clientes da Checklist vão optar pelo upgrade, tendo esse módulo complementando o uso da ferramenta”, diz Smith.
Para este ano, a Softplan projeta uma receita líquida de R$ 93 milhões para a vertical de eficiência operacional, estimando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) entre 2022 e 2024 para a área. Com a aquisição da Runrun.it, a taxa de crescimento anual sobe para 45%.
Além da parte de eficiência operacional, a Softplan possui também as verticais de produtos voltados ao setor público, que é a maior delas, respondendo por cerca de 44% do faturamento. Em seguida aparece a parte de construção, com algo próximo de 33%, inteligência legal, com 12%, e eficiência operacional por último, com 11%.
A ideia da Softplan é seguir pelo caminho da consolidação de ativos nessas quatro frentes e também realizar aquisições para abrir novas frentes de negócios. Segundo Smith, a companhia estuda estruturar duas novas áreas de negócios, sem entrar em detalhes, através de movimentos inorgânicos.
“Para entrarmos em uma nova vertical, precisa ter uma empresa muito relevante no segmento, e capaz de complementar com negócios ao redor”, diz Smith.
Para manter o ritmo de aquisições, a Softplan vem utilizando recursos do caixa, mas também se reforçou com debêntures. Em setembro deste ano, a companhia fez a segunda emissão de sua história, de cerca de R$ 250 milhões.
“Fizemos essa emissão para ajudar a financiar os M&As dos próximos anos”, diz o CEO. “Temos os recursos para o próximo ano e para boa parte de 2026.”
Diante deste tamanho, o questionamento sobre IPO invariavelmente surge. No ano passado, Smith afirmou ao NeoFeed que se tratava de uma possibilidade de longo prazo, a partir de 2025. Agora, ele ressalta que a abertura de capital não é algo pensado para os próximos anos.
“Mesmo se tivesse uma janela aberta hoje, ainda temos bastante capacidade de crescimento sendo uma empresa de capital fechado, para quando formos fazer um IPO fazer como uma empresa de um outro patamar, com uma emissão maior”, diz.
O que a Softplan cogita é fazer uma captação privada antes de um IPO. Smith diz que o tema é discutido internamente, a empresa tem interações com o mercado, sobre trazer um possível fundo como sócio.
“Vemos com bons olhos, porque uma captação nos daria mais flexibilidade para fazer investimentos”, afirma o executivo. “Mas ainda não tomamos nenhuma decisão, algo que pode acontecer em 2025.”