Um dos nomes mais respeitados do mercado brasileiro de investimentos, Luis Stuhlberger não alcançou essa posição apenas pelo fato de ter sido um dos precursores do segmento no País. Mas também pela reputação que construiu em quatro décadas de atuação.

Hoje à frente da Verde Asset Management, gestora com R$ 48 bilhões sob gestão, Stuhlberger já vivenciou, claro, diversas crises. E a partir dessa experiência, ele já entende que, do ponto de vista de riscos na saúde, o pior da Covid-19 já ficou para trás, especialmente com a perspectiva de uma vacina nos próximos meses.

À parte do otimismo sob essa ótica, Stulhberger enxerga outro grande risco no cenário à frente: os impactos do desequilíbrio fiscal gerado pelos pacotes de socorro implantado por governos em todo o mundo. E nesse contexto, ele alerta para os desafios dos países emergentes, em especial, o Brasil.

“No campo dos emergentes, o Brasil foi certamente um dos que mais gastaram, desproporcionalmente, e um dos mais incompetentes no combate à Covid-19”, disse Stulhberger, em live realizada hoje à noite pela Eleven Financial. “No Congresso e no Executivo, criou-se uma noção de que R$ 20 bilhões, R$ 30 bilhões já virou gorjeta.”

Na transmissão, ele fez questão de ressaltar que não estava entrando no mérito de que os gastos foram justos do ponto de vista social. Mas fez um alerta. “Vamos ter um déficit fiscal de 17% do PIB, de R$ 1,1 trilhão, contando os juros”, afirmou. “E acho que o mercado ainda não está dando o devido valor à fragilidade da economia brasileira.”

Diante do volume de recursos destinados por boa parte dos governos, Stulhberger frisou a diferença no poder de fogo dos países desenvolvidos e dos emergentes para lidar com essa situação na retomada.

“Europa, Estados Unidos e parte da Ásia vão se ajeitar. Eles têm juro zero, negativo e conseguem se financiar por mais tempo”, disse. “Os emergentes sempre vão passar mais apuros e esse fenômeno pode acabar resvalando no Brasil.”

Ao mesmo tempo, o fundador e CEO da Verde Asset Management destacou uma sequência de medidas e questões implementadas nos últimos anos, que não trouxeram o efeito positivo esperado. Entre elas, o teto de gastos e as reformas trabalhista e da Previdência.

“Foi dito ao povo que seriam anos duros, de austeridade, mas que, no limite, todos nós teríamos uma grande recompensa no futuro”, observou. “E a verdade é que já se passaram quase cinco anos e isso não veio.”

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