A Techtools ficou conhecida no mercado por ser uma holding que investe em healthtechs através de venture capital. O primeiro fundo de R$ 100 milhões apostou em oito startups e foi totalmente desinvestido em 2021, com um retorno de 14 vezes o capital investido, segundo Jeff Plentz, o CEO e fundador da gestora.
Agora, Plentz está começando um novo e ambicioso plano de R$ 5 bilhões para levar a Techtools para outras classes de ativos além do venture capital. Ele está criando a Techtools Capital para entrar na área de real estate e fornecer crédito para um grupo de hospitais que passam à margem do mercado financeiro: as Santas Casas.
“As Santas Casas e hospitais filantrópicos movimentam mais de R$ 100 bilhões por ano”, afirma Plentz, ao NeoFeed. “E elas têm necessidade de financiamento que ninguém atende.”
A ideia é sair exclusivamente dos bits e bytes das healthtechs e investir em tijolo e cimento, realizando de reformas, construindo anexos e equipando os hospitais. Nesta empreitada, Plentz negocia com construtoras, que serão parceiras dos investimentos.
“Queremos entrar com até 30% do capital”, afirma o fundador da Techtools. “Em até cinco anos, a intenção e equipar, reformar ou construir até 200 hospitais.”
Em crédito, Plentz está conversando com bancos e com FIDCs (fundo de investimento em direitos creditórios) para fazer ofertas aos hospitais. Os empréstimos terão como garantia os repasses de verbas do SUS, que são limitados até 30% dos valores que as instituições têm para receber. “Elas têm um problema de fluxo de caixa, mas não de insolvência”, diz Plentz.
A Techtools não vai abandonar o venture capital. A companhia está também montando um fundo de investimento em participações (FIP) de R$ 1 bilhão. Deste valor, R$ 250 milhões serão para investir em healthtechs em estágio inicial. O restante do capital será reservado a growth.
Dois investimentos já foram feitos. O primeiro deles foi na Revo, que produz próteses ortopédicas inovadores com materiais recicláveis. Ela foi investida no fundo 1 e recebeu mais recursos agora. O segundo aporte foi na mineira Engenetiq, uma empresa de biotecnologia que desenvolveu um extrator de DNA de baixo custo.
De onde vem o dinheiro?
Dos R$ 5 bilhões que precisa para colocar essas iniciativas de pé em até cinco anos, Plentz diz que já tem dentro de casa R$ 2 bilhões para dar início aos projetos, sendo que R$ 1,4 bilhão é dos ganhos de seu primeiro fundo de venture capital e R$ 600 milhões foram levantados com family offices da Bélgica e da Itália.
Para conseguir mais capital, Plentz diz que os parceiros na área de construção e de crédito devem também contribuir com recursos para os projetos. Ele está também prospectando recursos com mais LPs (limited partners). “Hoje, está mais fácil levantar recursos com investidores estrangeiros do que brasileiros”, diz Plentz. “Eles estão vivendo o cenário de inflação e juro alto e estão vendo que sabemos lidar com isso melhor do que eles.”
O trunfo de Plentz para conseguir o capital é o seu braço que presta serviços e vende tecnologia para companhias de saúde, especialmente hospitais e operadoras de saúde. Hoje, a Techtools Health, como é chamada essa unidade, conta com parcerias com 500 Santas Casas espalhadas pelo Brasil.
É neste aquário consolidado que ele pretende “pescar”. No caso das startups em que investe, Plentz usa esse imenso “laboratório” para testar e validar as soluções das healthtechs que estão em estágio inicial. Nas ofertas de real estate e crédito, a intenção é transformá-los em potenciais clientes.
O NeoFeed conversou com alguns investidores que acreditam que não será fácil à Techtools conseguir levantar o capital que precisa para levar adiante este projeto bilionário. Eles alegam que o mercado está restritivo para a novas captações e que a gestora não tem experiência em real estate e crédito.
Plentz, por sua vez, alega que a Techtools tem bastante experiência na área de saúde, o setor em que pretende atuar, e que a expertise de real estate e crédito ficarão nas mãos dos parceiros que pretende anunciar até o fim deste ano.