A espera acabou. Três meses depois de os acionistas do Santander aprovarem a separação da Getnet do negócio do banco, a empresa de maquininhas agora tem o caminho livre para seguir com seu plano de abrir capital no Brasil e nos Estados Unidos.
A barreira que faltava foi derrubada nesta quarta-feira, 14 de julho, pelo Banco Central (BC), que autorizou a cisão das duas companhias. A decisão saiu até mais rápido do que se imaginava - a expectativa anterior era de que isso só ocorresse em setembro ou outubro deste ano.
Com vida própria, a Getnet agora se volta para o IPO e trabalha para resolver três formalidades: obter o registro de companhia aberta, ter o pedido de listagem aceito na B3 e conseguir o registro das units e das ações perante a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos EUA.
Segundo o Santander, as ações e units da adquirente serão entregues aos acionistas do banco em data que ainda será divulgada ao mercado.
Fundada em 2003 no Rio Grande do Sul, a Getnet foi comprada em 2014 pelo Santander, pelo valor de R$ 1,1 bilhão. Desde então, cresceu em participação de mercado, saltando de 3% para 15% ao longo dos últimos oito anos, em um segmento ainda dominado por Cielo e Rede.
Como o mercado ainda não teve acesso a um balanço detalhado do negócio, o valuation da Getnet ainda é uma incógnita. Uma conta feita no fim do ano passado pelo Morgan Stanley, com base em concorrentes, chegou a números que vão desde R$ 4 bilhões, se a Cielo for tomada como referência, a R$ 138 bilhões, se a lente se voltar para PagSeguro e Stone.
Outro cálculo, este do Credit Suisse, estimou um valuation que pode ficar entre R$ 6 bilhões e R$ 9 bilhões, assumindo que o lucro da empresa volte em 2021 aos níveis de 2019.
A Getnet encerrou o primeiro trimestre com 875 mil clientes e no período movimentou R$ 87 bilhões, 47% de expansão em relação aos primeiros três meses do ano passado.
A companhia, que já tinha uma atuação estabelecida no mundo físico, passou a investir mais no e-commerce quando chegou a pandemia. Em um ano, a participação da adquirente no comércio eletrônico saltou de 14% para 25%. Hoje, cerca de 30 mil lojas digitais usam soluções de pagamentos da Getnet.
Com a abertura de capital, a adquirente quer se consolidar como uma plataforma global de pagamentos. “A Getnet acabou construindo um bom portfólio de produtos, se tornou uma empresa que cresce recorrentemente há sete anos e a gente entendeu que poderíamos internacionalizar”, disse ao NeoFeed, em março, o CEO da companhia, Pedro Coutinho.