Após anos de resultados negativos, com forte queima de caixa e prejuízos, o Uber vai provando que seu negócio tem viabilidade financeira. O primeiro indício veio no segundo trimestre de 2022, quando registrou seu primeiro fluxo de caixa positivo em 13 anos.

Na quarta-feira, dia 8 de fevereiro, veio o segundo indício. O Ebitda ajustado da companhia somou US$ 665 milhões, ficando acima da mediana das projeções dos analistas coletadas pela consultoria FactSet, de US$ 624 milhões. O lucro por ação de US$ 0,29 também surpreendeu, considerando que a expectativa era de um prejuízo de US$ 0,15.

Diante desses fatos e das boas perspectivas em termos de demanda para 2023, o UBS decidiu elevar o preço-alvo das ações do Uber de US$ 38 para US$ 48. A recomendação permanece sendo de compra, com os analistas Lloyd Walmsley, Chris Kuntarich e Kunal Madhukar demonstrando otimismo em relação ao crescimento e a evolução das margens da empresa.

"Nos sentimos confortáveis a respeito do crescimento das reservas brutas em 2023 e a melhora incremental das margens vindo dessa parte, com base nos comentários da administração durante a call", diz trecho do relatório.

Na abertura da teleconferência, o CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, afirmou que a companhia entra no primeiro trimestre com “forte momentum”, com a demanda da parte de mobilidade acelerando e os serviços de entregas demonstrando resiliência.

A companhia projeta que as reservas brutas crescerão entre 20% e 24% nos primeiros três meses de 2023, considerando uma taxa de câmbio estável. O Ebitda ajustado deve encerrar o período entre US$ 660 milhões e US$ 700 milhões.

Segundo o diretor financeiro do Uber, Nelson Chai, os dados de janeiro mostram bom desempenho da área de mobilidade. A demanda está acelerando, puxada pelas operações dos Estados Unidos e do Canadá, que se aproximam dos níveis pré-pandemia. A expectativa é de um aumento de 20% no primeiro trimestre, comparado com o mesmo período de 2022.

As boas notícias e o cenário positivo que se desenham fizeram os analistas do UBS revisar para cima algumas das principais métricas financeiras do Uber para 2023 acompanhadas pelos investidores.

A estimativa para Ebitda ajustado consolidado subiu em 4%, para US$ 3,3 bilhões, com a margem passando de 8,7% para 8,8%. Já a expectativa para o fluxo de caixa livre foi de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,7 bilhões.

Para 2024, a estimativa para o Ebitda ajustado consolidado foi elevada em 1,5%, para US$ 4,9 bilhões, e a projeção para o fluxo de caixa livre cresceu 2,7%, a US$ 4,3 bilhões

Os analistas do UBS afirmam que o novo preço-alvo considera ainda um múltiplo EV/Ebitda ajustado de 20 vezes em relação às estimativas para 2024, representando um ligeiro prêmio em relação ao múltiplo médio de 18 vezes do setor de aluguel e turismo, em que a empresa está encaixada.

Este é o cenário base do UBS. Na versão mais otimista, em que as reservas brutas sobem ainda mais e o Ebitda ajustado ultrapassa US$ 5 bilhões em 2024, o preço-alvo atinge US$ 55. E o múltiplo EV/Ebitda ajustado é de 22 vezes.

Por volta das 12h07, as ações do Uber subiam 0,48%, a US$ 37,01. Em 12 meses, elas acumulam queda de 8,36%, levando o valor de mercado a US$ 64,9 bilhões.