À medida que a inteligência artificial (IA) torna-se cada vez mais comum na pauta corporativa, as empresas precisam estar atentas às questões de cibersegurança e entender que o tema já não é mais apenas um assunto técnico, mas estratégico e fundamental para o futuro dos negócios.
“Se as empresas vão usar mais IA, elas vão precisar de mais segurança”, disse Tania Cosentino, vice-presidente de cibersegurança da Microsoft América Latina, no NeoSummit Inteligência Artificial, evento do NeoFeed realizado na quarta-feira, 25 de junho. “O custo da cibersegurança é custo de negócio, e não mais de TI.”
Segundo ela, desde a pandemia, as empresas começaram a elevar os investimentos no tema e debater essa questão. No entanto, ainda falta quebrar o paradigma de que cibersegurança é tema somente de TI, arriscando que medidas de proteção estejam sujeitas a cortes de orçamento.
“É preciso provocar uma nova mudança cultural, de considerar a segurança prioridade número um das empresas”, afirmou Cosentino. “Cada conexão, dispositivo e aplicativo provoca um ponto de vulnerabilidade.”
A avaliação foi compartilhada por Alberto Leite, fundador, sócio principal e presidente do Grupo FS. Ele destacou que, na média, os investimentos em cibersegurança aumentaram, mas o tema apresenta diferentes graus de maturidade nas empresas, algo também visto na sociedade em geral.
“O nível de maturidade das empresas não é correspondente àquilo que temos de uso”, disse Leite. “Somos grandes usuários de internet, mas na média não temos nível de maturidade para um País com alto uso de e-commerce, banking.”
Essa situação representa um risco, uma vez que a IA também é uma ferramenta sendo utilizada por atores mal intencionados. “Os ataques serão cada vez mais sofistcidados com o advento da IA”, afirmou Leite.
Além do aumento dos investimentos e fazer com que eles sejam considerados estratégicos para os negócios, as empresas precisam capacitar suas equipes a utilizarem as novas tecnologias oriundas da IA sem colocar dados sensíveis, questões estratégicas, além dos sistemas das companhias, em risco.

“Se os dados não estão sob uma governança adequada, vira um problema sério”, disse Leite. “A quantidade de dados que se cruza e se dá acesso à IA generativa é impressionante.”
Junto com governança e treinamento, Cosentino defendeu o uso de ferramentas para monitorar como os dados da empresa são utilizados pelos funcionários, que podem de forma equivocada expor questões sensíveis ou fazer isso de forma maliciosa.
Ela também destacou a necessidade de capacitar mais pessoas nas áreas de TI e cibersegurança, afirmando que ainda há um déficit no Brasil desses profissionais no momento em que a digitalização só cresce. “Os hackers existem em abundância”, disse Cosentino “E nos faltam profissionais para detê-los.”
Apesar dos alertas sobre o uso de IA, tanto Cosentino como Leite destacaram que a ferramenta será uma aliada no combate a hackers, fraudes e invasões de sistemas.
“A IA acelera o mal, em sofisticação, mas também é aliado na defesa”, afirmou Cosentino. “Temos como desenhar planos de contingência e fazer com que eles seja empoderados pela IA.”