O TikTok Shop, recurso que a garante a venda direta de produtos diretamente da plataforma chinesa de vídeos, estreou no Brasil, conforme revelado com exclusividade pelo NeoFeed. No mercado, havia expectativa de que o start poderia ser em abril, mas a companhia programou o período para cadastrar os sellers.
Com 126 milhões de usuários, o País é o maior mercado da rede social na América Latina. Pelo modelo, o TikTok começa a operação brasileira com ofertas de grandes players do varejo. No início, a empresa vai focar em segmentos como beleza e moda. "O resultado foi 6 vezes melhor do que o lançamento do México", diz uma fonte que acompanhou a estratégia de lançamento do TikTok Shop no Brasil, ao NeoFeed.
Um relatório do Santander informou que entre 28 marcas avaliadas pelo ranking do Brasil para o TikTok Shop, seis já estão envolvidas: Arezzo, Avon, Boticário, Cobasi, Natura e Riachuelo. Entre marcas menores, há diversos exemplos como Simple Organic (beleza), Bold e Guday (vitaminas) e Jami Jami (moda), que têm parcerias com criadores de conteúdo.
A estratégia será operar, inicialmente, no modelo logístico Fourth-Party Logistics (4PL), em que o TikTok vai cuidar da coordenação das entregas por meio de parcerias com transportadoras locais. O principal aliado nesse caso será os Correios.
“Pequenos e médios vendedores utilizam essa solução logística. Já os grandes vendedores continuam responsáveis por suas próprias operações logísticas, já que opções mais avançadas como Fulfillment By TikTok (FBT) e o modelo 3PL, em que o envio é gerenciado pelo vendedor, ainda não estão disponíveis no Brasil”, informa o relatório do Santander.
Um ponto levantado pelo Santander, em relatório assinado pelos analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, é o fato de a plataforma ainda não oferecer pagamentos via Mercado Pago, o que significa que ainda não foi estabelecida parceria com o Mercado Livre, ao contrário do que acontece no México.
Durante a conferência de resultados do primeiro trimestre, na quarta-feira, 7 de maio, o diretor de relações com investidores do Mercado Livre, Richard Cathcart, falou sobre a chegada do TikTok Shop ao Brasil. Para ele, ainda é cedo para entender o movimento e o impacto da rede no varejo digital brasileiro. “Estamos acompanhando, mas ainda não temos informações mais detalhadas.”
De qualquer forma, o executivo entende que o marketplace argentino pode ser favorecido com o novo produto da chinesa no Brasil. “Normalmente, quando há um novo player no e-commerce, especialmente quando vem com um modelo diferente, ele tende a atrair novos usuários que antes compravam apenas offline. E isso cria uma oportunidade para nós também, que esperamos aproveitar.”
A isenção inicial de taxas por três meses, limitada a R$ 58 mil (cerca de US$ 10 mil) por vendedor, e a política de frete grátis podem ser, segundo análise do Santander, um ponto positivo nos primeiros meses da implementação do modelo.
“Após o período inicial de 90 dias sem taxa de comissão, o TikTok Shop adotará uma taxa de 6% (para itens abaixo de R$ 79, será cobrado R$ 2 adicionais por item), posicionando-se abaixo das taxas dos marketplaces líderes”, ressalta o banco.
Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o movimento é importante para o segmento de e-commerce no Brasil. “A venda em conteúdo de vídeo explodiu na China durante a pandemia e hoje responde a 25% do mercado chinês. E isso muda a jornada dos clientes.”
Segundo o especialista, a possibilidade de não precisar mudar de plataforma para concretizar o negócio pode representar uma receita importante para a plataformas entre os usuários brasileiros. “As pessoas estão lá consumindo conteúdo e vão agora comprar de lá”, afirma.
“Eles vão operar com marketplaces, remunerar clientes, creators e a logística, porque ainda vão fazer a última milha. Com certeza, vão entrar na briga desse mercado no Brasil”, completa Serrentino.
Entretanto, se a plataforma de rede social pode levar vantagem por unir conteúdo e venda, ainda há grandes desafios para superar, como a confiança do marketplace e a entrega dos produtos.
“Eles vão impactar muita gente, pelos vídeos de influenciadores, mas entendo que haverá um público que irá fechar o negócio em outros marketplaces", diz Mauricio Trezub, CEO da Omnichat, empresa que atua em chat-commerce no Brasil. "Falta entender um pouco mais sobre a eficiência de entrega. E isso vai pesar para o consumidor na hora da compra.”
Outro ponto, na avaliação de Trezub, tem a ver com a faixa etária do público do TikTok. “Muita gente que efetivamente gasta não está na plataforma, mas em outras redes. Há de fato uma nova onda, bem disruptiva, envolvendo o e-commerce no Brasil, mas ainda há muitos caminhos para consolidar esse novo modelo.”