Em março de 2021, a Stripe levantou um aporte de US$ 600 milhões junto a investidores privados e se tornou a startup mais valiosa dos Estados Unidos. A fintech havia superado a empresa de foguetes espaciais SpaceX, de Elon Musk e numa escala global estava atrás apenas da Bytedance, dona do TikTok.

Quase dois anos depois, no entanto, a startup que opera uma plataforma de pagamentos para e-commerce parece cada vez mais distante de ser relacionada com números positivos. Seu valor já caiu de US$ 95 bilhões para US$ 64 bilhões. Além disso, a SpaceX a ultrapassou e se consolidou como a startup a mais valiosa startup dos EUA.

Não bastasse isso, a startup enfrenta outro problema. Em 2022, a companhia queimou US$ 500 milhões em caixa, em meio a desaceleração de seu crescimento, segundo uma reportagem do The Information. A receita líquida da companhia, que atingiu US$ 2,8 bilhões no ano passado, cresceu apenas 18%. Em 2021, o percentual era de 85%.

Para se ter ideia do impacto desses números, a companhia havia terminado 2021 tendo aumentado seu caixa em US$ 400 milhões. Considerando o Ebitda, que contabiliza o lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o lucro de US$ 500 milhões registrado em 2021 deu lugar ao prejuízo de US$ 75 milhões no ano passado.

O rombo poderia ter sido ainda maior. Em novembro, a Stripe realizou um corte em massa em sua equipe e que impactou 14% da força de trabalho. Foram cerca de 1,1 mil funcionários demitidos pela companhia. Na época, Patrick Collison, CEO e cofundador da companhia ao lado do irmão John, afirmou que a liderança cometeu “erros de julgamento”.

Investida por grandes nomes do mercado de capitais como Tiger Global, Andreessen Horowitz, Sequoia Capital e General Catalyst, a Stripe já levantou mais de US$ 2,2 bilhões em aportes desde sua fundação, em 2010. Recentemente a companhia estava em conversas para captar mais US$ 3 bilhões junto a Thrive Capital e outros investidores que já aportaram o negócio.

A nova injeção de capital está sendo negociada com termos pouco favoráveis para a fintech, segundo o The New York Times e o The Information. O valuation da empresa pode diminuir para algo entre US$ 60 bilhões e US$ 55 bilhões - mais um down round.

Tudo isso acontece em um ano em que a empresa se prepara para uma futura abertura de capital. A fintech pretende realizar seu IPO somente em 2024. Para isso, no entanto, a startup já contratou os bancos Goldman Sachs e J.P. Morgan para avaliar se há condições para uma listagem direta da fintech.