Em meio ao inverno de IPOs do setor de tecnologia, uma das companhias mais quentes dos Estados Unidos resolveu dar o primeiro passo rumo ao mercado de capitais. Mas a decisão será lenta.

A Stripe, que é uma das empresas privadas com maior valor de mercado, avaliada em US$ 95 bilhões em sua última rodada de captação, em 2021, contratou o Goldman Sachs e o J.P. Morgan.

A função dos dois bancos é sondar os investidores para saber as condições para uma listagem direta na bolsa de valores. Outra opção é permitir que seus empregados possam vender ações da companhia no mercado secundário.

Os cofundadores do Stripe, os irmãos irlandeses Patrick e John Collison, disseram na quinta-feira, 26 de janeiro, que a decisão deve ser tomada nos próximos 12 meses, segundo informações divulgadas pelo The Information e pelo The Wall Street Journal (WSJ).

A decisão é crucial para a Stripe, uma fintech fundada em 2010 que permite transações de pagamentos em sites de comércio eletrônico. Alguns funcionários veteranos têm ações da empresa que vão vencer em breve.

Se a companhia não se tornar pública ou não permitir que os papéis sejam vendidos no mercado secundário, os funcionários poderiam ver uma parte de suas compensações se evaporarem.

Apesar de ter 12 anos desde a fundação, a Stripe, até agora, não quis se tornar pública, mesmo no momento de euforia dos anos 2020 e 2021. Ao mesmo tempo, sempre se manteve bastante restritiva em relação a suas informações financeiras.

Em 2020, o WSJ estimou a receita da companhia em US$ 7,4 bilhões, um crescimento de 70%, impulsionada pelo crescimento do comércio eletrônico durante a pandemia. Desde então, o negócio deu sinais de que não estava mais tracionando.

No ano passado, com a reabertura da economia, os consumidores voltaram para as lojas físicas e mudaram o padrão de consumo, em meio a uma economia com inflação e taxas de juros altas.

Em novembro, a Stripe demitiu 14% de sua força de trabalho, aproximadamente mil trabalhadores. Ao mesmo tempo, rivais da Stripe, como Adyen e PayPal viram suas ações desabarem 50% e 75%, respectivamente, desde os picos de 2021.

A própria Stripe, ao que tudo indica, revisou o valuation diante do novo cenário. Primeiro, reavaliou o valor da empresa para US$ 74 bilhões. Depois, para US$ 63 bilhões.

A Stripe já levantou US$ 2,2 bilhões em capital de fundos de venture capital, segundo o PitchBook. Os investidores principais da fintech são Sequoia Capital, Founders Fund e General Catalyst.

Agora, a companhia espera que 2023 traga resultados melhores. No começo deste mês, a empresa informou que estava expandindo o seu trabalho com a Amazon, empresa da qual processa boa parte do volume de pagamentos de serviços como Prime, Audible e Amazon Pay.