Avaliada em mais de US$ 80 bilhões, a OpenAI é a grande protagonista da inteligência artificial. Mas, diante do burburinho crescente em torno do tema, os investidores estão buscando outros atores para rivalizar com a startup americana. E esse roteiro já está extrapolando as fronteiras dos Estados Unidos.
E uma empresa que vem do Japão é a mais recente a querer destronar a OpenAI. Trata-se da Sakana (disclaimer: não é sacanagem). A startup japonesa está prestes a finalizar uma captação de US$ 100 milhões em uma rodada liderada pela gestora americana New Enterprise Associates.
Segundo o portal americano The Information, o aporte está em fase final de negociações e os termos do investimento ainda podem mudar. Caso isso não aconteça, a rodada avalia a novata, que ainda não gera receita, em cerca de US$ 1 bilhão.
O aporte conta ainda com a participação da Lux Capital e da Khosla Ventures. Em janeiro deste ano, as duas gestoras lideraram um investimento de US$ 30 milhões na empresa, que tem ainda grupos japoneses como Sony e NTT em sua base de acionistas.
A Sakana AI foi fundada em 2023, em Tóquio, por David Ha e Llion Jones, ex-membros da DeepMind, empresa comprada pelo Google, em 2014, por cerca de US$ 500 milhões, e que se tornou o laboratório de inteligência artificial da big tech americana.
A dupla foi a autora de um artigo de pesquisa do Google que ajudou a delinear a arquitetura dos modelos mais populares de inteligência artificial da atualidade – o ChatGPT, da OpenAI, e o Claude, da também americana Anthropic, outra estrela do setor.
“Se tivéssemos iniciado a Sakana AI na Bay Area (São Francisco), teria sido um erro estratégico, porque seríamos mais parecidos com todos os outros e teria sido muito difícil nos diferenciar”, afirmou Ha, em entrevista recente ao The Information.
O provável reforço no capital acontecerá na sequência de avanços recentes anunciados pela empresa. Em março, a startup apresentou modelos de inteligência artificial que resolvem, com menos recursos financeiros, problemas matemáticos, além de gerar e compreender imagens e textos em japonês.
Baseados em softwares de código aberto, esses modelos ainda não estão reunidos, porém, em um produto ou em uma ferramenta semelhante ao ChatGPT, da OpenAI. Da mesma forma, não está claro, ao menos por enquanto, como a empresa planeja gerar receita.
O fato é que a própria OpenAI está colocando o Japão em seu mapa de operações. Em abril, a empresa abriu um escritório em Tóquio como parte de sua estratégia para expandir sua presença na Ásia. Esse esforço envolveu ainda a oferta de uma versão local do ChatGPT.
Em sua expansão internacional, a companhia liderada por Sam Altman e que tem a Microsoft entre seus investidores vai encontrar outros rivais com o caixa cada vez mais reforçado. Esse é o caso da parisiense Mistral AI, que já levantou € 1,1 bilhão junto a investidores como Andreessen Horowitz e Nvidia.
A captação mais recente da startup francesa foi anunciada no início desta semana. O valor total de € 600 milhões (US$ 640 milhões) envolveu uma série B, de € 468 milhões, liderada pela General Catalyst. Além de € 132 milhões em dívida. Nesse processo, a empresa foi avaliada em US$ 6 bilhões.
Nesse contexto, a OpenAI também vê novos concorrentes surgirem em seu próprio “território”, ligados a nomes de peso e que também vêm atraindo os investidores. O mais novo exemplo é a xAI, startup de inteligência artificial criada pelo bilionário Elon Musk.
Fundada em julho de 2023, a empresa americana anunciou uma captação de US$ 6 bilhões no fim de maio desse ano. Com a participação do príncipe saudita al-Waleed bin Talal e de gestoras como Sequoia Capital e Valor Equity Partners, a rodada avaliou a companhia em US$ 18 bilhões.
No mesmo mês, quem reforçou essa conta e a competição com a OpenAI foi a também americana Scale AI, que captou US$ 1 bilhão em uma rodada liderada pela Accel Partners e que teve a participação de Nvidia, Amazon, Intel Capital, AMD e Meta. A startup foi avaliada em US$ 14 bilhões.