A Nuvini, holding brasileira criada por Pierre Schurmann e que concentra uma série de empresas de software as a service (SaaS), deu mais um passo rumo à Nasdaq. Na noite de 15 de junho, a companhia obteve o registro de sua intenção de oferta pública na Securities and Exchange Commission (SEC).

Os dois documentos publicados no site do órgão de valores mobiliários dos Estados Unidos trazem detalhes das finanças da Nuvini. Também há maiores esclarecimentos sobre a oferta que a companhia pretende realizar para se tornar uma empresa listada na Nasdaq.

Entre os dados financeiros divulgados, a Nuvini informou que sua receita operacional líquida aumentou 37,7% no ano passado, para R$ 123,7 milhões. Para os próximos dois anos, a expectativa é a de que a cifra aumente 66% ao ano, chegando em R$ 344,1 milhões ao fim de 2024.

O lucro bruto, por sua vez, aumentou 53% desde o ano passado para R$ 65,5 milhões e deve chegar a R$ 26,7 milhões em 2024, de acordo com a companhia. Já o Ebitda ajustado passou de R$ 1,4 milhão em 2021 para R$ 19,3 milhões em 2022. A expectativa é elevar este número para R$ 91,2 milhões até o fim de 2024.

A Nuvini também fez uma comparação de seu negócio com outros players que operam com negócios semelhantes, como Roper Technologies, Vitec e Tyler Technologies. A companhia diz ter obtido um crescimento orgânico de 8,6% ao ano, abaixo somente do obtido pela Roper (10%). Em relação ao crescimento total da receita, o percentual da Nuvini foi de 37,7%, acima de suas principais concorrentes.

Como de praxe neste tipo de documento, as companhias citam fatores de risco que podem impactar seus negócios. No caso da empresa de Schurmann está destacado o estágio inicial da companhia com histórico de perdas operacionais.

Outro sinal de alerta é que a estratégia de crescimento depende em grande parte das aquisições contínuas de negócios SaaS. Isso pode ser um problema caso não seja possível encontrar empresas interessantes para novos acordos. A companhia também lembra que pode precisar de capital adicional para dar suporte ao crescimento e esse capital pode não estar disponível em termos aceitáveis.

Conforme o NeoFeed já havia publicado no começo deste ano, a  listagem na bolsa de valores americana vai acontecer por meio de uma parceria com a Mercato Partners Acquisition Corporation, uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC) da gestora americana de private equity Mercado Partners.

Nuvini no lugar da SPAC

No acordo, a Nuvini assume “o lugar” da SPAC da Mercato Partners na bolsa de valores, cujas ações estão listadas custando US$ 10,51 por papel. Quando isso acontecer, a Nuvini deve chegar à bolsa de valores com um valuation de, aproximadamente, US$ 312 milhões (valor combinado das duas operações).

Agora, a Nuvini aguarda a análise e a aprovação do órgão em relação à oferta. Em média, isso leva em torno de um mês para ser feito. Após a aprovação, deverá levar entre três e cinco dias para que a Nuvini seja listada. A expectativa é de que todo o processo esteja concluído até o fim de julho.

A Nuvini, que conta com sete empresas atualmente em seu grupo (Smart NX, Mercos, Onlick, Datahub, Effecti Licitações, Ipê Digital e LeadLovers), deve abrir capital em um momento mais conservador do negócio. Nos últimos meses, a companhia decidiu segurar os investimentos em decorrência do cenário macroeconômico que impulsionou a queda nos valuations das startups.

Antes disso, a empresa tinha uma meta ousada de realizar entre 15 e 20 compras de empresas por ano até 2025. No radar estavam companhias com faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões, rentáveis, com produtos testados e com taxas de crescimento variando entre 20% e 25% ao ano.