Primeiro foi o Planeta Imóvel, que deu origem ao ZAP, portal de classificados de imóveis comprado no ano 2000 pelo grupo Globo e o jornal O Estado de S. Paulo. Depois, a SuaHouse, um CRM imobiliário, adquirida pelo VivaReal, em 2015. E, na sequência, a fintech Kzas, arrebatada pela Creditas, em 2022.
Além do foco no mercado imobiliário e de atraírem todos esses compradores, essas companhias têm um nome em comum, entre seus fundadores: Roberto Nascimento. Empreendedor em série, ele também acumulou bagagem, como executivo, em outras empresas do setor, como Lopes e Imovelweb.
Desde meados de 2023, seu mais novo endereço é a Pipeimob, fundada por ele, Danilo Herrero e Renato Rodrigues. E em linha com o histórico do empreendedor, a proptech também está movimentando o mercado, ao anunciar um aporte de R$ 15 milhões captado, 100% junto à gestora americana Headline.
“Esses recursos vêm em boa hora. Já temos gasolina, mas agora, vamos acelerar e ser mais agressivos”, diz Nascimento, cofundador e CEO da Pipeimob, em entrevista ao NeoFeed. Até então, a startup tinha captado R$ 2,5 milhões em um aporte pré-seed, com a Domo.VC e a Latitud Ventures.
Agora, de carona no combustível adicional injetado pela Headline, a proptech está embarcando outra figura de peso nesse roteiro. No Brasil, a gestora é liderada por Romero Rodrigues, fundador do Buscapé e um dos nomes que desbravaram o ecossistema de startups e de venture capital no País.
Nessas andanças, a dupla se conheceu no ano 2000, pouco antes do estouro da bolha da internet. E, desde então, mantêm um relacionamento bastante próximo, que, entre outras passagens, incluiu um investimento da Redpoint eventures, a gestora anterior de Rodrigues, na SuaHouse.
“Não conheço ninguém no Brasil com tanta experiência em tecnologia e no mercado imobiliário, e em negócios complementares, com foco em dores diferentes”, diz Rodrigues. “Então, conhecer bem o empreendedor, que é a parte mais importante na nossa tese, já estava ‘checked’. Foi fácil.”
Esse é o 15º investimento do fundo Headline 3, captado em parceria com a XP Asset, cujo volume total somou R$ 916 milhões. E Rodrigues adiciona outros componentes que contribuíram para que a gestora assinasse esse cheque, o mais recente dentro desse veículo.
“É também o tamanho do mercado. São cerca de 2 milhões de transferências de imóveis por ano no Brasil, dos quais achamos que pelo menos 800 mil estão no alvo da Pipeimob”, afirma Rodrigues. “Muita gente está tentando atacar essas ineficiências, mas ninguém com tanta experiência e pragmatismo.”
Nascimento resume o modelo que abriu o apetite da Headline. “Queremos ser o iFood das transações imobiliárias”, diz. “Hoje, você compra um hamburguer e vê todos os processos – pedido, pagamento, preparação e saída para entrega. Isso é tecnologia e é o que queremos fazer no mercado imobiliário.”

Na tradução desse conceito, a plataforma da Pipeimob digitaliza e automatiza a gestão de todos os processos que envolvem a compra e a venda de um imóvel – da formalização das propostas até o pagamento das aquisições e vendas, passando por todos os documentos envolvidos em cada etapa.
Além de se propor a eliminar a burocracia nessas transações, a ideia é fornecer mais controle e segurança para todas as partes envolvidas, que podem acompanhar, em tempo real cada estágio nesse processo.
Embarcada na plataforma, a cereja do bolo nesse menu é o braço de fintech, com contas digitais para imobiliárias e corretores. Financiada por um FIDC estruturado pela RBR Asset, uma das ofertas é a antecipação de comissões para corretores, lançada há dois meses e que já contabiliza 96 operações.
A proptech já contabiliza 10 mil contas digitais ativas e mais de 2 mil transações, que somam R$ 16 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV). O modelo de receita passa por mensalidades e uma taxa sobre transações, além da cobrança por serviços adicionais.
Já a carteira de clientes inclui mais de 300 imobiliárias, boa parte delas, de grande porte. A lista tem nomes como Auxiliadora Predial, Lopes, Keller Willians, Re/Max, Zimmermann e Inov9. E abre espaço, inclusive, para proptechs como a Loft.
De olho na evolução desses números, o aporte da Headline terá como principal destino a ampliação do portfólio. Com os recursos, o plano é estender e replicar as funções da plataforma ao segmento de locação e administração imobiliária.
“Essa demanda veio dos nossos próprios clientes, que querem ter uma visão única também nesses processos”, diz Nascimento. “Estamos desenvolvendo essa oferta, que nos abre um mercado endereçável de R$ 300 bilhões por ano, além do volume de R$ 1 trilhão já em compra e vendas.”