Em meio a maré baixa das startups, há um novo fundo de venture capital que está surgindo no mercado brasileiro com o objetivo de jogar sua rede para pescar empresas em estágio bem inicial.
É o Supera Capital, que nasce com quatro limited partners (LPs) de peso: Globo Ventures, Luciano Huck, Gilberto Sayão (Vinci Partners) e Duda Melzer (eB Capital). Ele terá como managing partners Luis Felipe Magon, ex-Igah Ventures, e Maurício Feldman, fundador da Volanty, startup de compra e venda de carros usados adquirida pela Creditas.
O novo fundo já está em conversas avançadas com diversos empreendedores brasileiros e deve anunciar os primeiros investimentos em breve, apurou o NeoFeed com pessoas a par dos planos.
Nessas discussões com empreendedores, os managing partners do Supera Capital têm dito que o novo fundo tem uma tese agnóstica e deve fazer cheques médios de US$ 1 milhão.
Um empreendedor que se encontrou com os gestores disse que o Supera Capital tem se posicionado como um fundo para investir em estágios bem iniciais (pré-seed e seed) e deve montar um portfólio de até 50 startups.
“Eles devem seguir o estilo do Canary”, afirmou outro empreendedor ao NeoFeed, referindo-se ao fundo criado por Marcos Toledo, Julio Vasconcellos, Mate Pencz e Florian Hagenbuch (estes dois últimos estão à frente da Loft), que investe cheques pequenos em uma grande quantidade de startups.
A Globo Ventures se une ao novo fundo para ter acesso a um deal flow de empresas em estágio inicial. Até agora, o fundo da família Marinho aportava recursos a partir da série A – algumas vezes no estilo de media for equity, em que o dinheiro retorna em mídia para as empresas de comunicação do grupo.
Com isso, construiu um portfólio de mais de uma dezena de empresas. As startups que receberam investimentos da Globo Ventures neste ano foram as fintechs Franq Openbank, Zippi e Nomad, a edtech Galena e o fantasy game Rei do Pitaco.
No ano passado, a healthtechs Alice, as empresas de e-commerce Olist e Merama e a startup de segurança e internet das coisas Gabriel também foram contempladas com cheques da Globo Ventures.
Ex-investidores da Igah Ventures
O grupo por trás do Supera Capital reúne boa parte das pessoas que deixaram a Igah Ventures, que havia nascido da fusão do e.bricks ventures (de Pedro Melzer) com a Joá, que reunia Huck, Melzer, Sayão e Rodrigo Xavier (ex-presidente do Bank of America).
Em junho deste ano, um comunicado foi enviado aos LPs falando da mudança acionária da Igah Ventures, dizendo que a decisão foi de comum acordo. Na época, saíram da gestora de venture capital Duda Melzer, Gilberto Sayão, Luciano Huck, Luiz Felipe Magon e Rodrigo Xavier.
“Os cinco reiteram que continuarão atuantes e comprometidos com o sucesso do primeiro fundo até o final do ciclo, envolvendo-se em todas as decisões de investimentos e desinvestimentos”, informava um trecho do comunicado.
O fundo a que se refere o comunicado da Igah Ventures levantou US$ 130 milhões, sendo que um dos âncoras foi o Softbank Latin America Fund. O portfólio contempla a idtech único, a fintech Avenue, a healthtech Conexa, a plataforma de giftback CRM&Bonus e a proptech EmCasa (a Globo Ventures também faz parte da base de acionistas), entre outras startups.
Agora, Magon, que era head de investimentos da Joá e foi managing partner da Igah Ventures, está se associando a Feldman para comandar os investimentos do Supera Capital.
Apesar de ser mais reconhecido como um empreendedor – Feldman fundou a Volanty, que recebeu aporte de Softbank e Kaszek antes de ser vendida para a Creditas – o empreendedor tem também um histórico de investidor.
Como investidor-anjo, Feldman já fez aportes em mais de 60 startups, sendo um dos primeiros a apostar em empresas que se tornaram unicórnios como QuintoAndar e Loft.
O NeoFeed tentou contato com Magon e Feldman e não conseguiu retorno. Em seus perfis no LinkedIn, os dois dizem que são cofundadores da TBA Ventures, uma abreviação de “to be announced”. Agora, só falta o anúncio oficial do Supera Capital.