Um estudo da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística aponta que o roubo de cargas de transportadoras resultou em um prejuízo de mais de R$ 1,2 bilhão no Brasil no ano passado.

Para tentar reduzir as perdas com esse problema, a Frete.com quer utilizar tecnologia para minimizar os incidentes. A companhia está investindo R$ 250 milhões no desenvolvimento de ferramentas munidas de inteligência artificial que serão capazes de identificar os criminosos antes que possam agir.

“Com a evolução da tecnologia, as fraudes ficaram mais sofisticadas e as empresas não estão preparadas para prevenir isso”, diz Federico Vega, CEO da Frete.com em entrevista ao NeoFeed. “Um dos maiores custos para as empresas de transporte é o roubo de cargas. Isso gera um impacto forte no negócio.”

O investimento está sendo feito pela Fretebras, um dos braços da Frete.com. O grupo, que foi criado em 2021 com as marcas Fretebras e CargoX, conecta caminhoneiros com empresas que precisam de frete. Ao todo, foram mais de R$ 2,5 trilhões em valor de mercadoria transportada.

O investimento está sendo realizado em partes. Até o momento, a Fretebras já alocou cerca de R$ 80 milhões do capital e o restante deverá ser investido até o fim de 2024. O dinheiro foi utilizado para dar início ao desenvolvimento de uma ferramenta de checagem dos motoristas.

Chamada de Check.AI, a plataforma é capaz de desenhar um perfil de risco do motorista e que contém seu histórico (qual produto transportou, a rota utilizada, as empresas envolvidas), sua avaliação, referências de órgãos públicos e birôs privados, entre outras informações.

O desenvolvimento da tecnologia começou ainda no ano passado e os primeiros resultados já estão sendo observados pelas 2,4 mil empresas que já utilizaram os sistemas. De acordo com a Fretebras, a companhia já conseguiu evitar um prejuízo de mais de R$ 84 milhões com o roubo de cargas. Mais de 50 mil caminhoneiros já têm informações no banco de dados da ferramenta.

“Estamos começando a ver os resultados, mas os maiores ganhos vão ser vistos daqui dois anos”, diz Vega, sem estimar uma cifra. “É um investimento de longo prazo. O mercado antifraude vai mudar muito e o maior responsável por isso vai ser a inteligência artificial.”

Para quem está por trás do desenvolvimento, os ganhos são indiretos e se dão na retenção e na aquisição de clientes. Por ora, não há planos para tornar o Check.AI uma ferramenta paga, que gere receita direita para o negócio.

Ainda que R$ 250 milhões seja um valor alto, nenhum centavo deverá ser utilizado para a aquisição de alguma empresa que já atue com inteligência artificial. “Não é tão fácil incorporar uma tecnologia, porque isso depende das equipes e que muitas vezes deixam o negócio”, afirma Vega. A ideia é desenvolver os produtos dentro de casa ou explorar tecnologias de terceiros.

Em vez disso, o foco está em contratar especialistas em inteligência artificial para a área de tecnologia da companhia. Na Fretebras, essa divisão conta com mais de 300 profissionais, incluindo cientistas e engenheiros de dados e de machine learning. “Estamos criando equipes que consigam criar essas tecnologias”, diz Vega.