Passados pouco mais de quatro anos desde que deixou o comando – e o dia a dia – da Amazon, Jeff Bezos está de volta ao batente. Desta vez, porém, longe dos corredores da gigante americana fundada por ele em 1994 e na qual ainda é o presidente do conselho de administração.
Dono de uma fortuna estimada em US$ 256 bilhões e na terceira posição no ranking de bilionários da Bloomberg, o empresário americano é um dos nomes por trás da Project Prometheus, startup de inteligência artificial focada em engenharia e produção de computadores, automóveis e espaçonaves.
Segundo o jornal americano The New York Times, que cita fontes próximas ao projeto, a empresa nasce com um aporte de US$ 6,2 bilhões, o que consolida a companhia como uma das startups em estágio inicial com mais recursos do mundo.
Uma parcela desse montante está sendo financiada por Bezos, que também irá atuar como co-CEO da operação, marcando seu retorno a um cargo de gestão. Em julho de 2021, Andy Jassy, que, até então, liderava a Amazon Web Services (AWS) substituiu o empresário como CEO da Amazon.
Embora esteja bastante envolvido na Blue Origin, Bezos não ocupa um posto operacional na empresa de tecnologia espacial, também fundada por ele, em 2020, e uma das principais rivais da SpaceX, de Elon Musk.
Desde que deixou a Amazon, o bilionário tem chamado atenção tanto por seus negócios quanto por sua vida pessoal. Esse noticiário incluiu, por exemplo, seu casamento, no início de deste ano, um megaevento que reuniu celebridades em Veneza. E que rendeu protestos dos moradores da cidade.
À parte dessas controvérsias, Bezos também tem reservado espaço para a inteligência artificial. Há cerca de um mês, por exemplo, durante a Italian Tech Week, em Turim, ele afirmou que o conceito é uma espécie de “bolha industrial”, em que é difícil distinguir as boas das más ideias. Mas ressaltou:
“As bolhas industriais não são tão ruins, podem até ser boas, porque quando a poeira baixa e você vê quem são os vencedores, as sociedades se beneficiam dessas invenções”, afirmou. “É isso que vai acontecer aqui também. Isso é real. Os benefícios da IA para a sociedade serão gigantescos.”
Nesse contexto, sua mais nova empreitada, a Project Prometheus ainda mantém um perfil discreto em um setor que atrai gigantes como Google, Meta e Microsoft, além de startups que atraíram bilhões em aportes, como a OpenAI e a Anthropic – esta, inclusive, tem a Amazon entre seus investidores.
Não se sabe quando exatamente a companhia foi fundada, tampouco onde fica sua sede. Entretanto, a partir do que se sabe, a empresa se concentra em uma abordagem tecnológica bastante alinhada com os interesses de Bezos na Blue Origin. Entre eles, levar pessoas ao espaço sideral.
No projeto, Bezos divide o posto de CEO com o cofundador Vik Bajaj, um físico e químico que trabalha em estreita colaboração com Sergey Brin, cofundador do Google, no Google X, um centro de pesquisa que incuba projetos especiais da Alphabet, a holding por trás da gigante de serviços de buscas.
Antes, em 2015, Bajaj foi um dos fundadores da Verily, um laboratório de pesquisa de ciências da vida que, assim como a Waymo e a Wing, integra o portfólio justamente da Alphabet. Três anos depois, ele também ajudou a fundar a Foresite Labs, uma iniciativa para incubar startups de IA e de dados.
Bajaj deixou recentemente essa operação para se concentrar na Project Prometheus, que, por sua vez, integra uma onda de empresas focadas em aplicar inteligência artificial em segmentos como robótica, desenvolvimento de medicamentos e descobertas científicas.
Nesste ano, como parte dessa tendência, diversos pesquisadores de renome deixaram a Meta, a OpenAI e a DeepMind, do Google para fundar uma empresa chamada Periodic Labs, que se dedica ao desenvolvimento de tecnologias de IA para acelerar descobertas em áreas como física e química.
Em 2024, o próprio Bezos ajudou a fortalecer essa corrente ao investir na Physical Intelligence, startup que combina inteligência artificial e robôs. Agora, porém, o volume de US$ 6,2 bilhões por trás da Project Prometheus reforça o tamanho do apetite do bilionário pelo segmento.
Como efeito de comparação, para se ter uma dimensão da disposição, no início desse ano, a Thinking Machines Lab, fundada por um grupo de ex-funcionários da OpenAI, levantou US$ 2 bilhões em financiamento.
A Project Prometheus também está movimentando esse mercado ao recrutar pesquisadores de ponta de outras empresas de IA, como OpenAI, DeepMind e Meta. Até o momento, foram contratados cerca de 100 funcionários.