A Mandi Ventures, gestora brasileira de venture capital fundada por Antonio Moreira Salles e Julio Benetti em 2020, está adoçando o seu portfólio de investidas com um novo aporte na americana Alice Mushrooms, marca de chocolates à base de cogumelos funcionais.
A rodada, que não teve seu valor relevado, foi liderada pelo fundo de private equity L Catterton, que conta com aproximadamente US$ 34 bilhões sob gestão, e também incluiu nomes de Hollywood como Zac Efron, Pedro Pascal e Kevin Hart.
Diferentemente dos outros investimentos realizados pela Mandi, a Alice chegou ao conhecimento da gestora por meio de conexões feitas previamente pelos membros da companhia.
“Eu tive o primeiro contato com as fundadoras da Alice, Lindsay Goodstein e Charlotte Cruze, em 2019, quando o negócio não passava de uma ideia. Porém, ao me juntar à Mandi em 2023, nós começamos a pensar na tese de nutrição como medicina e fomos atrás para saber em que pé o negócio delas estava”, afirma Leonardo Sabó, sócio da Mandi.
A Alice Mushrooms, lançada oficialmente em outubro de 2022, tem a missão de promover as propriedades dos cogumelos e tornar o bem-estar algo natural. Para isso, a marca oferece três chocolates funcionais, que são: Brainstorm, para melhorar o foco; Happy Ending, para aumentar o desejo; e Nightcap, para auxiliar no sono.
Logo em seu lançamento, a marca já havia garantido um pequeno investimento pré-seed do ex-CEO do Twitter, Dick Costolo. Além dele, Jason Strauss, co-CEO do Tao Group, e a ex-correspondente médica da ABC News e conselheira médica da Alice, Jennifer Ashton, fazem parte do quadro de investidores.
“Fizemos questão de não levantar ou gastar demais porque, honestamente, não tínhamos ideia do que realmente aconteceria uma vez que colocássemos o produto no mercado. Então, lançamos e tudo mudou”, disse a cofundadora Lindsay Goodstein ao BeautyInc. “Estávamos esgotados apenas alguns meses após o início do negócio.”
Na visão do executivo da Mandi, a companhia será um apoio importante para a Alice em diversas vertentes, que vão desde o auxílio na demanda por chocolate, contanto com o suporte da produção amazônica e baiana de cacau, até a divulgação do produto para sua rede de contatos, que conta com hotéis e nomes fortes do mercado, podendo formar novas parcerias.
A Alice, que começou como uma empresa digital, hoje já está presente em boa parte dos mercados segmentados dos Estados Unidos. “As fundadoras foram muito cautelosas ao entrar no varejo físico, já que queriam ter uma operação completamente organizada para evitar qualquer tipo de erro durante esse processo e isso nos chamou a atenção”, afirma Moreira Salles, fundador da Mandi.
Os executivos afirmam que o foco não é trazer a empresa para o Brasil, mas acreditam que, como o país é um reflexo das tendências vistas nos Estados Unidos, isso pode acontecer em algum momento.
“Nós percebemos que os cogumelos funcionais começaram a aparecer no Brasil neste ano e esse processo está ocorrendo por meio dos cafés, da mesma forma que aconteceu nos Estados Unidos em 2020. O processo ainda está muito no começo, mas acreditamos que o produto da Alice tem potencial para ser consumido aqui”, diz Sabó.
Este é o terceiro investimento da Mandi em 2024, que já utilizou aproximadamente 55% do seu fundo de US$ 30 milhões separado para agtechs e foodtechs. O aporte anterior da gestora foi realizado na startup suíça Cultivated Biosciences, que produz um creme de levedura que substitui aditivos químicos.
Em sua tese de investimento, a Mandi Ventures costuma assinar cheques entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões para startups em estágio seed e série A, mas esse valor pode mudar de acordo com a situação.